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Conheça 4 startups que estão à frente na corrida pelo 'carro voador'

Neste ano, Joby, Lilium, Archer e Vertical anunciaram combinações de seus negócios com Spacs; assim, as quatro empresas devem levantar US$ 3,9 bilhões

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Por Luciana Dyniewicz
Atualização:

Perto da reta final, a corrida pelo "carro voador" é liderada pelas startups. Fusões recentes com Spacs (companhias que primeiro abrem capital na Bolsa para, depois, buscar um projeto para investir) colocaram algumas empresas nas primeiras posições dessa corrida de bilhões de dólares. Apesar dos desafios enfrentados na certificação com os órgãos reguladores, projetos avançados nos aproximam cada vez mais da tecnologia que deve revolucionar a mobilidade urbana.

Neste ano, as americanas Joby e Archer, a alemã Lilium e a britânica Vertical anunciaram combinações de seus negócios com Spacs. Assim, as quatro devem levantar US$ 3,9 bilhões (R$ 20 bilhões). Conheça, abaixo, essas empresas que estão mais adiantadas no processo de lançamento do eVTOL (sigla em inglês para veículo elétrico de pouso e decolagem vertical, como é chamada oficialmente a aeronave).

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Joby

A americana Joby é tida como uma das startups com mais chance de se sair vitoriosa na corrida pelo “carro voador”. Não à toa, quando anunciou o processo de fusão com a Spac Reinvent Technology (liderada pelo cofundador do LinkedIn Reid Hoffman), sua avaliação de mercado chegou a US$ 6,6 bilhões

Para o centro de inovação da Lufthansa, não só o fato de a empresa ter tido muito mais acesso a capital até o ano passado a favorece, como também seu portfólio de tecnologias patenteadas. Isso deve dar acesso aos mercados e também protegê-la das concorrentes.

A Joby é ainda a empresa mais avançada no processo americano de certificação. Em fevereiro, anunciou ter concordado com a base G1 de certificação para suas aeronaves. Esse contrato fechado com o Federal Aviation Administration (FAA, o órgão regulador do setor aéreo nos EUA) estabelece os requisitos que devem ser cumpridos pela aeronave. Nenhuma outra companhia de eVTOL assinou esse documento nos EUA até agora. O caminho de certificação, porém, é longo, e ainda serão necessárias documentações que autorizam voos, fabricação e operação comercial.

Por e-mail, a empresa afirmou que suas parcerias são um de seus grandes diferenciais. Entre os investidores da startup estão a Toyota, que deve – segundo a Joby – auxiliar com sua expertise na fabricação, e o Uber, que detém experiência em compartilhamento de corridas.

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Ainda segundo informou a empresa, o barulho de seu eVTOL não superará 65 decibéis quando estiver decolando (patamar um pouco superior ao de uma conversa normal). 

A empresa afirmou também que o maior desafio para colocar a aeronave em operação será a recepção dos consumidores. “Um dos principais desafios está relacionado à forma como nosso serviço é percebido pelo usuário. Não consideramos que a aceitação pública está garantida. Mas procuramos projetar uma aeronave e um serviço que seja bem-recebido pelas comunidades.”

Lilium

Com o design mais futurista dos eVTOLs divulgados até agora, a alemã Lilium também desenvolve o projeto mais diferente. A aeronave tem uma cabine para seis passageiros (as outras, para quatro) e poderá voar até 250 km – enquanto as concorrentes devem fazer distâncias mais curtas.

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“A filosofia do nosso projeto é economizar tempo do modo mais acessível financeiramente possível. Queremos gerar impacto para o maior número de pessoas. Por isso, estamos criando uma aeronave maior, para diluir o custo da rota entre mais assentos”, diz o investidor e diretor estratégico da empresa, Alexander Asseily.

O executivo aposta no Brasil como um dos principais mercados para a companhia. “Estamos olhando o País de perto. O mercado de helicópteros brasileiro é um dos maiores do mundo, mas é limitado pelo preço e pelo barulho. A Lilium pode fazer esse transporte disponível não só para quem usa helicópteros, mas também para um grupo maior de pessoas.”

Assim como a Joby, a Lilium está um pouco à frente na corrida pelo “carro voador” por estar mais avançada no processo de certificação – nesse caso, ela está à frente na Europa. Em 2020, a European Union Aviation Safety Agency (a EASA, órgão equivalente à Anac brasileira) concedeu ao projeto da empresa o primeiro dos documentos necessários para voar.

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Já neste ano, a Lilium anunciou fusão com a Spac Quell, liderada pelo ex-presidente da GM na América do Norte Barry Engle e, há pouco mais de um mês, divulgou que o diretor executivo da Airbus entre 2005 e 2019, Thomas Enders, passará a ser presidente do conselho da empresa quando o processo de fusão for concluído.

Lilium é uma das empresas de aviação que estão usando o 'IPO do cheque em branco' para alçar novos voos Foto: Divulgação/Lilium via Reuters

Archer

A americana Archer faz parte do grupo de startups que, apesar de ainda não ter seu “carro voador” pronto, pode se gabar de ter vendido as primeiras unidades. A empresa tem acertado um acordo para fornecer US$ 1 bilhão em eVTOLs para a United Airlines, com a possibilidade de aumentar esse contrato em mais US$ 500 milhões.

Além da United, a startup tem como sua parceira a Stellantis – grupo automotivo dono de marcas como Fiat, Chrysler, Peugeot, Citroën, Maserati e Jeep, entre outros –, que lhe dá acesso a uma rede de fornecimento de baixo custo, além de experiência em design e engenharia, segundo afirmou a própria Archer por e-mail. 

A lista de nomes reconhecidos internacionalmente que estão por trás da empresa continua: em fevereiro, a Archer anunciou sua fusão com a Spac Atlas Crest, encabeçada pelo banqueiro Ken Moelis, fundador do Moelis & Company. Nesse acordo, a startup foi avaliada em US$ 3,8 bilhões. Ela deve levantar US$ 1,1 bilhão. 

Também por e-mail, a empresa destacou que as tecnologias necessárias para colocar o “carro voador” no ar já existem e que, agora, trabalha para torná-las disponíveis no mercado. Segundo a companhia, seus eVTOLs vão operar com baterias cujo sistema de gerenciamento de temperatura permite um carregamento rápido e um ciclo de vida prolongado. Essas baterias, diz a Archer, “representam uma das muitas maneiras pelas quais estamos pegando a tecnologia aeroespacial existente e a adaptando para uso comercial em um futuro próximo”.

Sobre o processo de certificação, a Archer afirma pretender entregar as solicitações formais ao regulador este ano.

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Vertical 

Apesar de ter sido avaliada como a menor empresa em valor de mercado (US$ 2,2 bilhões) entre as que anunciaram fusões com Spacs, a inglesa Vertical é a que tem os contratos de venda mais volumosos até agora. A startup anunciou ter fechado acordos que podem chegar a US$ 4 bilhões, com a possibilidade de entregar até mil unidades para American Airlines, Avalon (uma das maiores empresas de leasing de aviões do mundo) e Virgin Atlantic.

As três companhias que fizeram as encomendas, além da Rolls-Royce e da Honeywell, também estão investindo na startup por meio da Spac Broadstone (comandado pelos empresários Hugh Osmond e Marc Jonas, que lideraram a consolidação do segmento de pubs na Inglaterra, com 8 mil unidades).

O presidente da Vertical, Michael Cervenka, disse, por e-mail, que as pré-vendas e alguns acordos comerciais também já firmados fornecem à empresa uma “rota direta para o mercado”. “Por exemplo, esperamos trabalhar com a Virgin Atlantic para lançar uma joint venture de uma rede de eVTOL de curta distância com a marca Virgin Atlantic, incluindo operações e desenvolvimento de infraestrutura.”

O projeto da Vertical está em linha com o que as consultorias apontam como essencial para uma startup do setor prosperar, dado que vem sendo desenvolvido com vários parceiros. “Novo modelo de negócios é leve em ativos. Nos concentramos na criação de um ecossistema que é uma combinação de componentes-chave que criamos internamente e fortes parcerias estratégicas com líderes da indústria”, diz Cervenka.

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