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Consecitrus, uma questão de confiança

Por Carlos Viacava
Atualização:

Enganam-se aqueles que pensam que o Consecitrus será a salvação da lavoura e que com ele toda a citricultura brasileira terá só períodos de bonança e alegria. É só olhar para os lados e ver como funciona o Consecana. Porém, enganam-se ainda mais aqueles que criticam os esforços comandados pelo secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, João Almeida Sampaio, no sentido de dar vida ao Consecitrus, insinuando manobras ocultas que visariam a iludir autoridades públicas brasileiras.As instituições avançam em vários setores de nossa sociedade, garantindo os direitos dos cidadãos, inclusive com os mecanismos do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para proteção contra abusos do poder econômico e defesa da livre concorrência. Considero uma ofensa à inteligência dos conselheiros daquele órgão as alegações de que a criação do Consecitrus poderia influenciar o julgamento de processos em curso.Neste mundo nada se cria, tudo se copia. Quando uma ideia é boa e prova sua eficiência, por que não copiá-la? O Consecana funciona muito bem para harmonizar o relacionamento entre os elos da cadeia produtiva do açúcar e do álcool, e é nele que a citricultura deve se espelhar para encontrar mecanismos de convivência harmônica que permitam a valorização e o progresso do setor.O Consecana é uma associação que reúne a Unica, representando a indústria, e a Orplana, união de 18 associações regionais de produtores de cana-de-açúcar do Estado de São Paulo. Ambos indicam cinco diretores para um conselho, cuja presidência é alternada entre produção e indústria. Dentro desse conselho existe o "Canatec", um grupo de trabalho que reúne representantes da indústria e da produção, em proporções equilibradas e que discutem sobre as questões do processamento das safras de álcool e açúcar.Não há segredo, como não haverá no Consecitrus. Tudo o que é comercializado é do conhecimento de todos. E assim ocorre com as ações, que podem ser tomadas para benefício geral e com o consentimento e a participação de todos.É preciso que as dificuldades e os progressos do setor sejam de conhecimento geral. Temos dificuldades com o consumo, que hoje é ameaçado por produtos alternativos, como o suco de maçã vindo da China, ou de néctares e outras bebidas assemelhadas. Isso ocorre por uma política cambial brasileira que tolhe a competitividade de inúmeros produtos de nossa pauta de exportações.Como a cana-de-açúcar, que decidiu basear sua comercialização no teor de sacarose, a laranja poderá usar os sólidos solúveis como base para a comercialização da fruta, propiciando um aumento de produtividade para todo o setor, na busca de maximizar a produção por hectare. Também, como no Consecana, devem ser consideradas todas as receitas de produtos derivados ou subprodutos, levando-se em conta a amortização dos investimentos.Novos desafios, como o greening, que elevam os custos de produção são obstáculos a serem superados por uma citricultura moderna, capaz de acompanhar o progresso tecnológico latente em vários segmentos da agricultura brasileira, que exige cada vez mais do espírito empreendedor e empresarial do nosso produtor.Chegou a hora do citricultor empresário, buscando sempre qualidade e competitividade para a laranja brasileira. Estamos numa guerra por fatias de mercado e, para vencê-la, precisamos de um produto de excelente qualidade e de preços competitivos. Esta é a missão mais importante do Consecitrus: manter a cadeia produtiva unida na busca por mais e mais consumidores para a laranja "Made in Brazil".O Consecitrus não se transformará, como num passe de mágica, na solução de todos os problemas. Mas nascerá como um pequeno embrião que, contando com a confiança e a perseverança de seus participantes, poderá crescer e se desenvolver, transformando-se no gestor da estratégia comercial do setor. Ele não é nem será compulsório, mas sim um convite para produtores e industriais: entra quem quer, permanece quem confia.DIRETOR CORPORATIVO DA CUTRALE

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