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'Conselhão' propõe a Lula freada na alta dos juros

Por Neri Vitor Eich
Atualização:

Um "entendimento nacional" entre governo, Congresso, empresariado, trabalhadores e organizações sociais para enfrentar no Brasil os efeitos da crise financeira internacional e proteger o desenvolvimento econômico é a principal proposta dos integrantes do comitê gestor do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um documento que será entregue hoje a Lula pelo ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, e pelo seis integrantes do comitê gestor do CDES, em reunião no Palácio do Planalto, propõe freada imediata no aumento das taxas de juros e restabelecimento do crédito, entre outras medidas. A assessoria de imprensa de José Múcio, que é secretário-executivo do CDES, informou nesta manhã que participam do encontro os conselheiros Antoninho Trevisan (empresário), Clemente Ganz Lúcio (diretor do Departamento de Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos - Dieese), Germano Rigotto (ex-governador do Rio Grande do Sul), José Lopes Feijóo (líder sindical), Paulo Godoy (líder empresarial) e Zilda Arns (coordenadora da Pastoral da Criança). No documento que será entregue ao presidente, conselheiros do CDES recomendam, segundo a assessoria de Múcio: 1) ação intensiva do Banco Central para estabilizar o câmbio; 2) restabelecimento do crédito para atividades produtivas; 3) suspensão do processo de aumento das taxas de juros; e 4) manutenção de investimentos públicos para preservar programas sociais e planos de infra-estrutura e desenvolvimento, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Os conselheiros afirmam, no documento, que a suspensão do processo de aumento da taxa de juros (taxa Selic) precisa ser feita "a partir da próxima reunião do Copom" (Comitê de Política Monetária), marcada para a semana que vem (dias 28 e 29), e que a estabilização do câmbio, num nível de equilíbrio, é "variável fundamental" para restaurar o comércio internacional e a previsibilidade para os investimentos privados de médio e longo prazo." Afirmam ainda que o restabelecimento do crédito para as atividades produtivas e o comércio exige "uma intervenção mais ativa da autoridade monetária em relação aos bancos públicos e privados". O CDES, conhecido como "Conselhão", é formado por 13 ministros e 90 representantes da sociedade civil encarregados de debater os problemas do País e definir sugestões de políticas públicas e programas do governo. O comitê gestor informa ao presidente da República que os conselheiros consideram que "a crise não pode ser subestimada", pois "a recessão já atinge os EUA e a Europa, e é previsível a contração da demanda mundial". De acordo com o texto, "a globalização criou vasos comunicantes entre as economias nacionais" e a crise pode ter "conseqüências profundamente danosas para o Brasil." Os conselheiros consideram, segundo o documento, que o impacto da crise no Brasil "já se faz presente pela rápida desvalorização do real e pelo represamento da liquidez e do crédito, as políticas monetária e fiscal devem ser adaptadas à situação extraordinária decorrente da crise financeira internacional, e a ação do Estado deve ser imediata para não perder efetividade diante das proporções que essa crise pode assumir." O documento é assinado pelos seguintes conselheiros do CDES: Abilio Diniz, Adilson Ventura, Antoninho Trevisan, Antonio Neto, Artur Henrique, Bruno Ribeiro, Candido Mendes, Clemente Ganz Lúcio, Danilo Pereira da Silva, Dom Demétrio Valentini, Germano Rigotto, João Bosco Borba, João Elísio Ferraz de Campos, João Paulo dos Reis Velloso, José Antonio Moroni, José Lopez Feijóo, Joseph Couri, Júlio Aquino, Lincoln Fernandes, Luiz Carlos Delben Leite, Maurílio Biagi Filho, Murillo de Aragão, Nair Goulart, Paulo Godoy, Paulo Simão, Paulo Speller, Paulo Vellinho, Robson Braga de Andrade, Rodrigo Loures, Sonia Regina Hess de Souza, Tania Bacelar, Vicente Mattos e Zilda Arns.

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