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Conselheiro da Petrobrás e sindicalistas são presos durante greve na Bahia

Autuados por desacato a dois policiais militares, os homens foram algemados e levados para duas delegacias da região; conselheiro diz ter sido agredido

Por Antonio Pita
Atualização:
Policiais teriam exigido que o fotógrafo apagasse registros de uma reunião com diretores Foto: Divulgação/Sindipetro Bahia

RIO - O conselheiro de administração da Petrobrás, Deyvid Bacelar, e dois integrantes do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindpetro-BA) foram presos na noite de ontem, 2, em ato pela greve dos trabalhadores da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na região metropolitana de Salvador. Eles foram autuados por desacato a dois policiais militares, algemados e levados para duas delegacias da região. O conselheiro diz ter sido agredido durante a prisão.

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"A viatura avançou com velocidade sobre os militantes que abordavam os trabalhadores. Eles se exaltaram e deram voz de prisão por desacato, por questionarmos os motivos da abordagem. Fui imobilizado de forma violenta, algemado e agredido, o que me deixou cheio de hematomas", relatou o conselheiro ao Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado.

Também foram presos o diretor do Sindpetro, Agnaldo Cosme, e o fotógrafo Wandeick Costa. Todos foram liberados por volta das 4h30 desta terça-feira, 3, após o registro da ocorrência. A confusão ocorreu por volta das 23h30 de ontem, segundo Bacelar, quando os policiais teriam exigido que o fotógrafo apagasse os registros de uma reunião com diretores da Refinaria.

"Houve uma articulação entre a gerência da refinaria para desmobilizar o movimento, prendendo as lideranças", afirmou Bacelar. "Fizemos registros de fotos e vídeos do encontro do gerente-geral com dois policiais. Menos de uma hora depois, os policiais avançaram sobre os militantes tentando apagar as fotos. Houve exaltação e fomos presos por desacato", completou.

Cerca de 80 militantes do sindicato abordavam os funcionários da refinaria para garantir a adesão ao movimento grevista, iniciado no último domingo. Os sindicalistas foram encaminhados à delegacia de Candeias e de São Francisco do Conde, onde fica a refinaria. O exame de corpo delito será feito no início da tarde para confirmar as agressões.

Procurada, a Polícia Militar (PM) informou que foi acionada por denúncias de "obstrução da rodovia", mas que a viatura teve passagem obstruída. "Quando os policiais solicitaram a retirada dos objetos foram agredidos verbalmente, sendo Wandiack preso por desacato. Em seguida, Agnaldo Cosme da Cruz Soares Júnior e Deyvid Souza Bacelar da Silva também foram presos por tentar impedir a condução do detido à delegacia", informa o comunicado.

Em nota, o Sindipetro-BA classificou a prisão de "arbitraria e orquestrada" contra o movimento, e classificou a ação da PM de "abuso de poder e autoritarismo". O sindicato informou ainda que estuda "tomar as medidas jurídicas cabíveis para garantir a liberdade e o livre exercício da greve pelos trabalhadores".

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Ainda de acordo com Deyvid Bacelar, pela manhã o clima é de tensão no acesso à refinaria. O policiamento foi reforçado com 12 viaturas. "Pelo que vi ontem a noite e hoje, há uma tendência de tensão cada vez maior. É um momento crítico", relatou. "É triste ver um abuso ocorrer em um governo popular que ajudamos a eleger", completou.

A greve deflagrada no último dia 1º de novembro envolve a paralisação parcial de 43 unidades de produção. Também há adesão de terminais de distribuição da Transpetro, além de refinarias, segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP).

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