
05 de dezembro de 2018 | 16h54
A ideia de carona solidária não é de rodízio de carros entre os participantes e que cada um assuma os custos em sua vez? Fuja, migre para outro grupo, faça qualquer coisa, mas caia fora.
Você vem remoendo na cabeça o que pode acontecer se decidir falar. Colegas homens passariam a olhar para você com caras sinistras, mostrando seus caninos de vampiro. Você poderia ser demitida ou tomar um gelo. Talvez tivesse também de enfrentar penosas entrevistas no RH. A situação poderia ficar pior do que a atual. Você poderia ser a única a sofrer as consequências de querer que seu local de trabalho seja mais justo.
Mas tudo isso, por enquanto, está só na sua cabeça. E esses caras que assustam você são apenas... caras! Não têm superpoderes. De qualquer modo, porém, o que você vem enfrentando é horrível.
Vou dar um exemplo pessoal - estúpido, mas vá lá. Um dia, um dente do siso que me incomodava havia anos começou a doer muito. A dor não ia parar por magia, mas nada me apavorava mais que encarar o dentista. Me acomodei. Sentia-me mais confortável com a agonia conhecida que com a perspectiva de enfrentar o desconhecido.
O que quero dizer é que sou o maior dos idiotas vivos, e o mais covarde. Mas acho que você,felizmente, não é como eu.
Não estou sugerindo que você faça algo apenas porque é o certo, ou porque seja mais fácil de enfrentar do que aquilo pelo que está passando, ou porque vá se sentir melhor. Acho que você deve fazer alguma coisa porque não está vivendo de acordo com seus ideais. Está desapontada consigo mesma.
Você não quer fazer um salseiro nem "destruir" seu pequeno grupo (que claramente deveria ser destruído). Está se escondendo porque tem medo, e tem motivos para ter. Mas acho que você me escreveu em busca de coragem. O mínimo que você pode fazer por si mesma é tentar se libertar. Agarre as rédeas com as duas mãos e sinta-se viva de novo.
Passei 15 anos como sócio de várias startups, provavelmente nenhuma delas boa. Dizem que o segredo de uma sociedade é comunicação. De fato, mas comunicação é também a pior parte! O melhor que consegui numa sociedade foi tentar ser um sócio regular. Se conseguirmos compartilhar com os sócios valores importantes como privacidade, dignidade, honestidade ou dinheiro, estaremos fazendo o melhor possível. Parceiros têm de enfrentar juntos as adversidades. Mas, se não estivermos entendendo o que é importante para nossos parceiros (ou eles não entenderem o que é importante para nos), é hora da separação. Com o tempo você voltará a amar o estilo "sociedade de responsabilidade limitada". / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ
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