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Construção civil adere à onda verde

Pelo menos 20 empreendimentos estão na fila para obter o ?selo verde?

Por Andrea Vialli
Atualização:

A construção sustentável ou ?verde? - tendência que leva em consideração práticas ambientais e sociais de sustentabilidade - está ganhando impulso no Brasil. Esse ano, cresceu o número de construtoras e incorporadoras que estão adotando o conceito, e aumentou a procura por certificações que atestam o cuidado com o meio ambiente nas obras. O banco ABN Amro Real aproveitou o atual momento de crescimento da construção civil no País e criou o programa Obra Sustentável, voltado aos clientes de crédito imobiliário. Além de receber um guia de boas práticas para construtoras e incorporadoras, que explica como construir levando em consideração o meio ambiente - eficiência energética, uso de materiais menos poluentes, reutilização de água, entre outros itens - o tomador de crédito ainda passa por uma avaliação dos impactos socioambientais de seu empreendimento. "Desde 2004 avaliamos o risco socioambiental dos negócios antes de conceder crédito, mas agora queremos aproveitar o bom momento da construção civil para conscientizar o setor", explica Antônio Barbosa, superintendente executivo de crédito imobiliário do Banco Real. O programa entrou em vigor na semana passada. Os prédios em construção que estiverem em conformidade serão identificados com o logotipo do programa, o que, segundo Barbosa, será um diferencial para a obra. "Já existem cidades no mundo onde os edifícios com apelo ambiental conquistam maior valor de venda", diz. A carteira de crédito imobiliário do banco no País é da ordem de R$ 2,5 bilhões e vem crescendo - foram R$ 1,5 bilhões de crédito em 2005. SELO VERDE O mercado de construção sustentável está aquecido no mundo todo, em especial nos EUA, berço da certificação Leed (sigla em inglês para Liderança em Energia e Design Ambiental),atualmente o selo de construção sustentável mais conhecido - existem outros seis sistemas de certificações no mundo todo. No Brasil, há 20 empreendimentos em construção na fila para obter o Leed. Há um ano, eram menos de dez. São conjuntos comerciais como o Ventura Corporate Towers, no Rio, e o Rochaverá Corporate Towers, em São Paulo. Ambos são da incorporadora Tishman Speyer. Outros exemplos são o Eldorado Business Tower, da Gafisa em São Paulo, e o novo complexo do Hospital Albert Einstein, a cargo da construtora Racional. No mundo todo, existem cerca de 5.000 edifícios prestes a receber o selo. A febre da construção sustentável começou com o aumento do rigor das leis ambientais nos países desenvolvidos, e não deve parar de crescer por aqui. "Tem um pouco de modismo, mas é fato que aumentou a consciência ambiental das empresas", diz Juliana Malho, gerente de sustentabilidade da consultoria Cushman&Wakefield, uma das empresas que conferem o selo Leed no Brasil. "As empresas conseguem reduzir custos fixos, como água e energia em até 30%, em comparação com um edifício convencional. Podem ainda usar o marketing da sustentabilidade em seus empreendimentos", diz. O Brasil terá, em breve, uma adaptação do Leed para a realidade local. "O País pode avançar muito. Os empreendimentos hoteleiros na costa brasileira, por exemplo, são um exemplo de construção insustentável", diz Thassanee Wanick, presidente do Green Building Council Brasil, entidade que comanda a iniciativa. CONSTRUÇÃO ECOLÓGICA Eficiência energética: Os empreendimentos devem ter baixo consumo de energia, e é aconselhado o uso de energia de fontes renováveis (sol, vento, biomassa) Água: O consumo deve ser racional, sem desperdício. Podem ser usados sistemas de captação da água da chuva Materiais: Uso de materiais reciclados e de origem ambientalmente correta, como tijolos reciclados, tintas que não são de origem petroquímica e madeira de reflorestamento. Podem ser usados materiais de construção de demolição

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