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Construção civil reage e diz que não precisa de ''salvação''

Por Wilson Lima
Atualização:

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, afirmou, ontem, na abertura do 80º Encontro Nacional da Indústria da Construção, em São Luís (MA), que pretende pressionar o governo federal para que seja revista a medida provisória que autoriza o Banco do Brasil e a Caixa a adquirirem participações em instituições financeiras no País. Segundo Simão, a MP vem na contramão de tudo o que a entidade vinha negociando com o governo federal. "Precisávamos de medidas de liberação de crédito a um juro mais baixo, para permitir o investimento nas empresas no setor ou fusões de companhias. Essa foi uma medida equivocada do governo federal, principalmente em um momento de insegurança e de incerteza. O governo ainda não me convenceu de que essa medida vai ajudar nosso setor. Por isso, farei o máximo para o governo rever essa medida", disse. Para ele, as empresas brasileiras "não precisam de salvação" e sim de maior oportunidade ao crédito. Na noite de ontem, na abertura do encontro em São Luís, estava previsto o anúncio, pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, de um pacote para a construção civil, com a possibilidade de abertura de uma linha de crédito especial para o setor, de R$ 4 bilhões. Porém, Coutinho não foi ao evento e, agora, os empresários estão temerosos de que o pacote não saia do papel. "Esperamos que o pacote do BNDES seja anunciado. Mas não descarto que a medida provisória do governo possa influenciar de alguma forma a postura do BNDES", disse Simão. Ele espera que o governo destine R$ 20 bilhões do FGTS para o setor, para garantir a manutenção do crescimento em 2009. Segundo Simão, o setor cresceu 9,9% no segundo trimestre do ano e prevê fechar o ano com expansão de 8,5%. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Sérgio Watanabe, também criticou a medida provisória. "O principal fato relacionado à essa crise internacional ainda não está sendo atacado, que é a possibilidade de uma crise de liquidez. Com essa medida provisória, o governo federal quer tomar a construção civil como ?bode expiatório? de uma crise. Mas o setor será o menos beneficiado nisso", afirmou. Para o presidente do Conselho Nacional da Indústria Imobiliária, João Cristana, os reflexos da crise internacional no mercado imobiliário brasileiro são menores que em outros países porque, no Brasil, a demanda é crescente, visto que o déficit habitacional é de cerca de 8 milhões de moradias. "No Brasil, há uma demanda reprimida que demoraria pelo menos 15 anos para ser equacionada. O nosso problema é crédito, para a população e para as instituições. Não é estatizando bancos que resolveremos esse problema", afirmou.

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