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Construtoras lucram com imóveis populares

Programa Minha Casa, Minha Vida começa a ter reflexo nos balanços

Por Ivana Moreira
Atualização:

Os incentivos do governo para a construção popular começam a mostrar seu efeito nos balanços das construtoras. No segundo trimestre, a construtora MRV, por exemplo, registrou seu melhor resultado desde sua fundação, há 30 anos: lucro de R$ 73,9 milhões, 46% maior que o apurado no mesmo período do ano passado. A Cyrela fechou o trimestre com lucro de R$ 157 milhões, um crescimento de 67% em relação ao mesmo período de 2008 - puxado principalmente pela Living, seu braço para o segmento econômico. A Rossi registrou lucro de R$ 51,1 milhões, apenas um pouco acima do apurado no ano passado, mas bem superior às projeções dos analistas. "O programa Minha Casa, Minha Vida foi um vento a favor daqueles imensos", disse o presidente da MRV, Rubens Menin. "Foi um trimestre realmente excepcional e estamos prevendo um mercado brilhante por muito tempo." O volume de vendas do trimestre também foi recorde: R$ 851,5 milhões, 77% superior ao registrado no 2.º trimestre de 2008. Otimista em relação ao segundo semestre, Menin informou que a empresa investirá entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões para recompor o seu banco de terrenos ao longo do segundo semestre. Hoje, a empresa tem empreendimentos em 70 cidades brasileiras. O objetivo é chegar ao fim do ano atuando em 80 cidades. "Somos muito fortes em Minas Gerais e em São Paulo, queremos diversificar e equilibrar nossos lançamentos também nas cidades de médio porte." De acordo com Menin, mais do que os subsídios federais para a compra de imóveis populares, a melhora das condições de financiamento foi um fator decisivo para o reaquecimento do mercado. A ampliação do prazo de pagamento dos financiamentos para 30 anos, a redução de custos da operação - como o seguro que representava 30% do valor da prestação e agora está em 6% - e a queda da taxa de juros levou uma nova massa de consumidores para o mercado da habitação. No caso da Cyrela, esse cenário positivo para o segmento popular tem se refletido em uma importância cada vez maior da Living dentro do grupo. De acordo com a empresa, a participação da Living nas vendas totais deverá ficar entre 30% e 35% neste ano e subir para 40% a até 50% em 2010. "A Living tem mostrado em agosto de 2009 vendas mais quentes do que no período pré-crise, como julho de 2008", disse o presidente e controlador da Cyrela, Elie Horn, em teleconferência com analistas. A receita líquida da Cyrela somou R$ 875,6 milhões no segundo trimestre, um aumento de 10,2% em relação ao mesmo período de 2008. LANÇAMENTOS O segmento econômico deverá representar ao menos 50% dos lançamentos da Rossi Residencial este ano, segundo o diretor financeiro e de Relações com Investidores da empresa, Cássio Audi - as unidades com esse perfil respondem por 52% do volume lançado pela Rossi no ano até agora. "Estamos olhando todos os mercados, porque há recuperação também nos segmentos de média e alta renda", disse. "Mas em 2009 o segmento econômico ficará com pelo menos 50% dos lançamentos." Segundo Audi, o programa Minha Casa, Minha Vida, a queda na taxa de juros e a melhora da confiança explicam o desempenho positivo do mercado imobiliário neste ano, sobretudo a partir do segundo trimestre. A Rossi tem por meta encerrar o ano com 13 mil a 15 mil unidades lançadas, apesar do volume relativamente baixo de lançamentos nos seis primeiros meses do ano. Nos seis primeiros meses do ano, a Rossi lançou 2.417 unidades. Só em em julho, foram lançadas outras 2.595 unidades.

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