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Consultor acusa 5 bancos estrangeiros de ataque especulativo

Por Agencia Estado
Atualização:

O mercado financeiro está sofrendo um "ataque especulativo" provocado pelas mesas de operação de cinco bancos estrangeiros. Essas instituições, apesar de não terem fluxo de recursos, conseguem "criar clima" de pânico, provocando movimentos como o registrado hoje com alta de 3% nas cotações do dólar. A afirmação foi feita na noite desta quarta-feira pelo consultor Paulo Possas, da Eagle Capital Gestão de Recursos, após um dia de nervosismo no mercado, com dólar em forte alta. Segundo ele, esses bancos estão criando "turbulências" para fazer com que o Banco Central eleve os juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nos próximos dias 18 e 19. A atuação dessas instituições estrangeiras no mercado futuro estaria pressionando também a elevação nas taxas de juros na Bolsa de Mercadorias & Futuros. "É um pânico induzido e que se retroalimenta", disse Possas. Ele exemplificou que essas instituições apesar de não terem no mercado local a maior parte da poupança financeira conseguem "operar" o mercado. "É como alguém gritar fogo em um cinema ao menor sinal de fumaça, as pessoas correm e algumas morrem", disse o consultor. A desvalorização do real vai pressionando os preços pagos pela importação de trigo e daqui a pouco há um aumento no preço do pão, afirmou. O consultor diz que o Banco Central está aguardando "a situação se acalmar um pouco" para utilizar o arsenal. Ele acredita que seriam válidas medidas administrativas como aumento do compulsório e investigações nas mesas desses cinco bancos estrangeiros que estão realizando ataques especulativos. Possas diz que quem está correndo para o dólar ou para imóveis pode estar comprando os ativos em pico de cotação, o que poderá redundar em prejuízos a médio prazo. Ele aconselha que o investidor diversifique as aplicações para reduzir os riscos. Possas acredita que o mercado está "com muito medo do Lula" (Luiz Inácio da Silva, do PT), uma vez que até agora não houve uma declaração contundente do candidato no sentido de que preservará os contratos e que não "haverá calote na dívida pública interna". O consultor diz que o temor é real, argumentando que o mercado ampliou o deságio nas últimas semanas sobre os títulos públicos com vencimento após 2003. "Exigir prêmios sobre papéis pós-fixados só ocorre quando há forte temor de que os títulos públicos não serão honrados", afirma Possas. Alguns especuladores aproveitam essa desconfiança da população que tem na memória planos como o confisco do Collor para fomentar saída de recursos para o dólar com cotação alta e pressão para elevar os juros. "Caso o BC aumente os juros na próxima reunião sancionará as expectativas desses especuladores e a administração da crise pré-eleitoral ficará ainda mais difícil", afirmou. A aprovação hoje da prorrogação da CPMF para 2004 em segundo turno no Senado já estava incorporada ao cenário macroeconômico e "não altera o clima de pânico no mercado financeiro", disse Possas.

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