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Consultor alerta que gás pode faltar nos próximos anos

De acordo com Gás Energy, oferta de gás no ano que vem será de menos da metade do previsto e governo deveria negociar com indústria redução do consumo

Por Agencia Estado
Atualização:

Pode faltar gás nos próximos anos e o governo deveria desde já negociar com a indústria a redução do consumo. A opinião é do sócio-diretor da consultoria Gás Energy Marco Aurélio Tavares. "Defendemos que se faça isso a partir de agora, com urgência", disse ele, ao participar do 3º Seminário Petróleo e Gás no Brasil. "Nosso equilíbrio mais sensível está até meados de 2010." De acordo com ele, a oferta de gás no ano que vem será de menos da metade do previsto pelo governo. O diretor da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Carlos Alberto Lopes, disse no mesmo evento que o gás é matéria-prima para a indústria petroquímica e que faltar gás, nesse caso, é ter que parar a produção. Depois, à Agência Estado, explicou que o setor está "fazendo um levantamento para ver quais são as indústrias que poderiam ter um consumo de gás que possa ser interrompido". E completou: "temos muito receio de sermos preteridos em um eventual plano de contingenciamento a favor das térmicas". Preços Lopes também declarou preocupação com o preço do gás. "O preço do gás para a indústria não pode estar vinculado aos combustíveis porque o ciclo de negócios é muito diferente", disse. "Não fazemos investimentos em projetos de menos de 20 anos." De acordo com Tavares, "muito do que se fala do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) não vai se conseguir na velocidade que se está desejando". "Talvez o volume de investimentos vá ocorrer, não estou falando disso, mas o tempo de maturação dos projetos não é o que eles estão falando. Estão falando em botar terminal de GNL (gás natural liquefeito) em 2008, mas 2008 já é o ano que vem e um terminal de GNL tem um tempo de maturação maior que isso", disse. Tavares também afirmou que a Bolívia não terá gás suficiente para cumprir os contratos de fornecimento com Brasil e Argentina. "Vamos ter falta de gás da Bolívia porque os investimentos na Bolívia estão estanques há quatro anos e ela não vai ter gás para atender tudo", disse, acrescentando que "nossos vizinhos mostram o que não se deve fazer", disse. "É populismo energético. Uma coisa é o que os governos assinam e outra é o que a indústria consegue cumprir", afirmou. Tavares também defendeu a utilização de energia nuclear no Nordeste e a instalação de dois terminais de GNL na região, em vez de apenas um. "Não tem mais hídrica no Nordeste e falta gás lá", explicou. De acordo com ele, a demanda atual de gás no Nordeste é de cerca de oito milhões de metros cúbicos (m3) superior à produção, que tende a cair porque há campos chegando à maturidade. "A entrada em operação do campo de Manati vai compensar um pouco a queda da produção de gás em outros campos, mas não totalmente", afirmou.

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