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Consultor prevê menor investimento nas telecomunicações

Um dos motivos, afirma, é a demora na operação das novas empresas de celulares

Por Agencia Estado
Atualização:

A demora da estréia das operadoras de celular TIM e OI e da entrada da Embratel, da Telemar e da Telefônica em novas áreas de atuação está segurando os investimentos no setor de telecomunicações, de acordo com o presidente da consultoria Brisa, Virgílio Freire, que presidiu a operadora Vésper e a indústria de equipamentos Lucent no Brasil.. Freire reviu sua previsão de investimentos no setor no País este ano de R$ 9 bilhões para R$ 7 bilhões. No ano passado, os investimentos no setor foram de R$ 18 bilhões. Ou seja, Freire acredita que este ano os investimentos ficarão pouco acima de um terço do total investido em 2001. Ele explica que o atraso no início da TIM e da OI, assim como das novas operações de empresas que já trabalham em outras áreas, se deve principalmente ao fato de as operadoras ainda não terem obtido licença da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). "Eu não estou criticando a Anatel. Acho que no caso da Telemar, por exemplo, se a empresa não cumpriu toda a meta de universalização dos serviços no ano passado, a Anatel tem mais é que segurar a licença mesmo, mas esse atraso no licenciamento freia também investimentos, em aparelhos, em marketing etc", diz. De acordo com Freire, as operadoras no Brasil estão com estoque de fios, cabos e equipamentos da ordem de US$ 200 milhões. "As fábricas de cabos estão paradas e demitindo", diz Freire. No entanto, diz, o setor no Brasil "ainda não chegou ao fundo do poço em termos de enxugamento e de demissões". A expectativa do especialista é de que, com sorte, 2003 seja igual a 2002, e que uma recuperação, lenta, só comece a partir do segundo semestre de 2003. "As operadoras investiram muito até o ano passado para anteciparem para o fim do ano passado as metas que eram para 2003. Elas investiram antes o que investiriam neste ano e no próximo e agora, fora as operadoras novas e as novas operações das que já estavam aí, o investimento será só a partir do segundo semestre de 2003 em função do aumento da população em idade de usar telefone e do crescimento econômico e social", diz. Freire lembra ainda que há uma crise internacional no setor, sendo um sinal disso o fato de as vendas mundiais de aparelhos celulares terem caído, pela primeira vez na história, no ano passado, em 3%. Ele especula, porém, que o mercado brasileiro, por estar com preços baixos, ainda pode atrair investidores estrangeiros. Uma possibilidade, segundo ele, é a Hutchison Whampoa, de Hong Kong, que teve lucro de US$ 1,55 bilhão no ano passado, acima do esperado, usar o dinheiro em caixa para comprar agora com preço baixo alguma empresa, recuperá-la e vendê-la em três anos, na alta. Outra é a British Telecom (BT), cujo principal executivo, Ben Verwaayen, declarou recentemente que a empresa está aberta a empreendimentos fora do Reino Unido.

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