27 de abril de 2010 | 00h00
Cinco das principais consultorias econômicas da Argentina sofreram ontem uma inesperada blitz em seus escritórios por ordem do juiz federal Claudio Bonadío. O juiz suspeita que essas consultorias tenham documentos confidenciais do Ministério da Economia que teriam sido roubados do governo.
Diversas consultorias em Buenos Aires tornaram-se desde 2007 a principal fonte independente de estatísticas econômicas, já que os índices do governo da presidente Cristina Kirchner são suspeitos de intensa manipulação. Entre os índices governamentais desacreditados e maquiados estão os de inflação, desemprego e Produto Interno Bruto. Na contramão, os índices elaborados de forma paralela por consultorias são os únicos considerados "sérios" pelo mercado, a imprensa e a opinião pública.
A blitz das consultorias foi mais um capítulo do escândalo iniciado no dia 16, quando Roberto Larosa, assessor do deputado Cláudio Lozano, do partido Projeto Sul, de esquerda, foi descoberto à noite - segundo o ministro da Economia, Amado Boudou - dentro de uma sala, "roubando" documentos confidenciais. Boudou também disse que Larosa poderia estar "plantando" documentos. O ministro afirmou que Larosa estava escondido debaixo de uma mesa.
Lozano, outrora aliado dos Kirchners, tornou-se crítico do casal presidencial, aos quais acusa de "falsamente posar de progressistas". O deputado afirma que representa a verdadeira esquerda e que os Kirchners fazem o "jogo neoliberal".
Economista e sindicalista da Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA), central não alinhada com o governo, Lozano denunciou há poucas semanas que existiam estranhos vínculos entre Boudou e a Arcadia Advisors, consultoria financeira envolvida nas negociações da operação de reestruturação dos títulos da dívida pública no valor original de US$ 19 bilhões, que está em andamento. Larosa, que era fonte de jornalistas argentinos e assessor de bancos, está detido.
Consultorias. Os homens de Bonadío vasculharam documentos e computadores das consultorias Ecolatina; Fundação de Investigações Econômicas Latino-americanas; Orlando Ferreres e Associados; M&S,, do economista Carlos Melconian, e a consultoria de Miguel Ángel Broda. A ordem foi emitida depois que a Justiça encontrou na casa de Larosa notas fiscais das consultorias com pagamentos que oscilavam entre US$ 180 e US$ 390.
Informações extraoficiais sustentam que a descoberta de Larosa no Ministério da Economia foi o ponto de partida para o início de uma caça para descobrir quais são os funcionários que filtram informações para a oposição e para as consultorias.
Encontrou algum erro? Entre em contato