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Consumidor cauteloso, mas otimista

Levantamento mostra que 67% dos brasileiros planejam diminuir suas compras nos próximos seis meses

Por Ana Paula Lacerda
Atualização:

O consumidor brasileiro está preocupado com a crise econômica, está mais cauteloso na hora de comprar, mas acredita que daqui a seis meses a situação financeira brasileira já estará melhor. É o que mostra uma pesquisa feita pela agência NovaS/B em conjunto com o Ibope, com consumidores acima de 16 anos e de várias classes sociais em todo o País. Do vinho à castanha, importados encarecem a ceia de Natal Segundo a pesquisa, 67% das pessoas devem diminuir suas compras nos próximos seis meses, para evitar o endividamento ou fazer uma poupança. Porém, 55% acreditam que nesse período sua situação financeira estará melhor do que a atual, e um terço afirma que a situação da economia brasileira também vai melhorar. "Existe preocupação, mas não desespero", diz Bob Vieira da Costa, sócio-diretor da NovaS/B. "As pessoas vêem que a economia está desacelerando, mas ainda não sentiram a diferença." É o caso do casal Geralda e Ademir Ávila, que na sexta-feira comprava eletrodomésticos. "Não sentimos diferença no dia-a-dia, mas não vamos comprar nada supérfluo por enquanto", conta Geralda. As compras do casal - um ferro elétrico e um liquidificador - foram pagas à vista. O mesmo será feito com o presente de Natal do filho Thiago, de 1 ano e meio. "Não gosto de dívida, e com o que a gente vê na mídia é melhor não arriscar estar endividado. Queríamos comprar uma casa, mas só vamos ver isso depois que a poeira baixar." Essa também é a reação da maioria dos brasileiros, segundo a pesquisa do Ibope. Enquanto 40% das pessoas dizem ter dívidas de eletroeletrônicos, automóveis ou casa própria atualmente, 67% afirmam que nos próximos seis meses vão evitar contrair esse tipo de financiamento. "O consumidor está mais maduro", diz Costa. A publicitária Patrícia Giacon também cortou os parcelamentos de seus planos de Natal e para o próximo ano. "Compras até R$ 100, faço à vista. Acima disso, vou juntar uma boa entrada e parcelar o mínimo possível." Ela diz que a crise não a afetou diretamente, mas já percebe aumento nos preço dos alimentos e vestuário. "Resta saber se isso provém mesmo da crise, ou se os empresários aproveitam o embalo da crise como desculpa para aumentar os preços." Os empresários são apontados por 17% dos entrevistados como responsáveis pela redução do crédito no mercado. À frente deles estão o governo (39%) e os bancos (33%). "Não sei de quem é a culpa" foi a resposta de 9% dos entrevistados. PRESENTE MAIS BARATO A sondagem da expectativa do consumidor feita pela Fundação Getúlio Vargas com dados de novembro, mostra sinais de cautela. A parcela dos entrevistados que pretendem gastar menos neste Natal elevou-se de 25,8% para 44,8%, enquanto a dos que desejam gastar mais reduziu-se de 15% para 9,3% do total. O preço médio dos presentes projetado pelos consumidores caiu 3,1% - ou seja, serão um pouco mais baratos do que no ano passado. Costa, da NovaS/B, diz que essa crise passou a fazer parte do diálogo entre as pessoas: 97% dos entrevistados já ouviram falar dela, e 78% se consideram informados sobre o assunto. "Desde a hiperinflação e o congelamento de preços, há uns 20 anos, não víamos um interesse assim."

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