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Consumidores dos EUA perdem fé nas instituições financeiras

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Por Redação
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A atual crise de crédito abalou a confiança dos consumidores norte-americanos nas instituições financeiras, incluindo uma surpreendente desconfiança em relação ao Federal Reserve, e isso deve provocar a maior retração no consumo já registrada nas últimas três décadas e uma profunda recessão, segundo uma pesquisa divulgada na sexta-feira. Um total de 57 por cento dos consumidores norte-americanos entrevistados disse ter hoje uma confiança menor no Fed do que há cinco anos. Entre esses, 29 por cento afirmaram sentir atualmente "muito menos confiança", revelou a enquete Surveys of Consumers da Reuters/Universidade de Michigan. Compare-se isso com a confiança no Fed depois do crash das bolsas em 1987: naquele ano, após o mercado de ações nos EUA ter caído mais de 20 por cento em um único dia, somente 19 por cento dos consumidores disseram ter menos confiança no banco central norte-americano, entre os quais 17 por cento que afirmaram ter "muito menos confiança". A fé nos bancos, na poupança, nos corretoras e nas empresas de fundo mútuo viu-se abalada em todos os níveis, mostrou a pesquisa. Apenas as cooperativas de crédito foram poupadas da desconfiança dos consumidores em relação ao mercado financeiro. "Essa perda de confiança fará com que os consumidores acelerem sua redução de gastos e com que, provavelmente, essas reduções persistam ao longo da maior parte de 2009", escreveu Richard Curtin, diretor da pesquisa. "Esses dados indicam ser agora mais provável uma recessão mais duradoura e mais profunda." A perda de confiança no Fed manifesta-se no momento em que o banco central dos EUA, trabalhando junto com o Departamento do Tesouro do país e bancos centrais de todo o mundo, faz de tudo para desobstruir os mercados de crédito e para oxigenar novamente a economia global. Até agora, no entanto, tais esforços -- que vão desde injeções maciças de liquidez no sistema financeiro, ao resgate bancário de 700 bilhões de dólares aprovado pelo Congresso dos EUA e a um corte coordenado nas taxas básicas de juros -- receberam como resposta um voto claro de desconfiança da parte dos investidores. Os mercados de ação do mundo todo vêm despencando neste começo de outubro. Nos EUA, as quedas sucessivas acumulam-se já por sete pregões. Os gastos dos consumidores norte-americanos devem reduzir-se ao longo da primeira metade de 2009, e o montante total despendido com o consumo pessoal deve cair 0,5 por cento no próximo ano quando comparado com 2008, escreveu o coordenador da pesquisa. O nível de consumo caiu apenas duas vezes nos últimos 50 anos -- em 1974, em 0,8 por cento, e em 1980, em 0,3 por cento. "Do ponto de vista histórico, esse é um cenário bastante negativo", disse Curtin. "O período mais longo de declínio do consumo ao longo dos últimos 50 anos foi de três trimestres, período esse que a desaceleração atual deve igualar." "Deixemos claro, no entanto, que as previsões atuais não se comparam de forma nenhuma com a profundidade e a duração da crise ocorrida entre 1930 e 1933, quando os gastos com o consumo caíram uma média de 4,9 por cento ao ano durante quatro anos", disse Curtis.

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