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Consumidores pessimistas com economia melhorando

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Por Redação
Atualização:

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), elaborado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio), caiu 2,7% em agosto, em relação ao mês anterior. A queda parece estranha, quando vários indicadores apontam melhora da situação econômica.De fato o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), o do Banco Itaú, a Sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e os dados de criação de empregos mostram todos uma melhora que tem como base a manutenção de um elevado nível de demanda, e até agora era essa perspectiva que sustentava o ritmo de outros setores de atividade econômica.A queda registrada no ICC parece contraditar a evolução dos outros setores. A redução da inadimplência, como a do endividamento das famílias, deveria desembocar num maior otimismo.A situação na União Europeia, que está longe de melhorar, de um modo geral não afeta os humores dos consumidores brasileiros. Seu efeito maior é sobre as empresas industriais, que temem enfrentar dificuldades para financiar suas atividades.O crédito, que sofreu pequena restrição, voltou a ser muito aberto e parece haver consenso de que a taxa Selic acusará nova redução.Neste quadro, os fatores que parecem levar os consumidores ao pessimismo nos parecem diferentes dos do passado recente.O primeiro é, certamente, o receio de um retorno à inflação, por três motivos: deterioração das contas públicas em razão dos reajustes dos salários do funcionalismo; forte elevação do custo dos serviços; e um eventual reajuste do preço da gasolina.Os consumidores estão também conscientes de que a volta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) nos produtos beneficiados com sua redução vai elevar a pressão inflacionária, como se verificou no caso do IPCA-15.Finalmente, apesar dos esforços do Banco Central para defender uma taxa cambial de R$ 2 por dólar, teme-se que não consiga isso, e assim os preços dos produtos importados contribuirão para elevar a inflação.Mas talvez os consumidores considerem ainda que, nas negociações com os sindicatos operários, as empresas, e não apenas o governo, cheguem a ceder às pressões e aceitem reajustes salariais que terão de repercutir nos preços, num clima que poderá tornar-se muito tenso e reabrir a porta de uma nova onda hiperinflacionária.Não acreditamos num quadro tão catastrófico, mas o pessimismo dos consumidores revela que vivem com essa hipótese.

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