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Consumidores trocam shoppings por parques e vendas caem

Assim como a Associação Comercial de São Paulo, a Alshop comentou que o forte verão deste ano, com temperaturas acima das históricas, está prejudicando o comércio.

Por Agencia Estado
Atualização:

Tradicionalmente janeiro é o pior mês do ano para o comércio de shopping centers, mas o movimento neste ano está ainda mais fraco. Assim como a Associação Comercial de São Paulo, a Alshop comentou que o forte verão deste ano, com temperaturas acima das históricas, está prejudicando o comércio. Os consumidores estão trocando a ida aos shoppings por programas ao ar livre. O presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun, disse que, se não fosse o crescimento do número de shoppings e conseqüentemente de lojistas associados à entidade, as vendas seriam menores neste mês do que em janeiro de 2005. "Se desconsiderarmos o crescimento do número de lojas, já que temos hoje 3 mil a mais do que em janeiro do ano passado, as vendas seriam menores entre 0,5% e 1% neste mês", afirmou Sahyoun, comentando que os lojistas estão insatisfeitos com as vendas. A expectativa da Alshop é de que as vendas melhorem nesta segunda quinzena do mês em comparação com a primeira. Se isso ocorrer, Sahyoun disse que o resultado de janeiro deve empatar com o do mesmo mês de 2005. A meta dos lojistas é de ter uma expansão de 0,5%. Se as vendas decolarem neste final do mês, Sahyoun disse que a alta máxima seria de 1%. A Associação também espera uma melhora das vendas em fevereiro, quando as aulas recomeçam e os consumidores retomam a rotina. O presidente da Alshop lembrou que o comércio paulista desova estoques em fevereiro, com promoções e liquidações. Indústrias contratam e trabalham no limite O forte calor neste verão mexeu com outros setores da economia. Negócios de bebidas, ventiladores, sorvetes e protetores solares foram estimulados e fizeram girar a economia de pequenas cidades do interior de São Paulo, como Catanduva, Jaguaré e Itu, e até de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco. É nessa cidade nordestina que está centralizada a produção de picolés da Kibon, líder em vendas com quase 70% desse mercado. São empresas que estão contratando funcionários para dar conta da demanda dos sedentos consumidores, e, em alguns casos, reforçando a logística para garantir no ponto-de-venda produtos que já começam a faltar em capitais como São Paulo, a exemplo dos sorvetes. Tudo porque, no caso da líder de mercado Unilever, dona da marca Kibon, se Pernambuco representou vantagens competitivas para a instalação de uma grande fábrica de picolés - os de frutas saem todos de lá -, a distância agora pesa. Nada, no entanto, que tire o sono do gerente de Comunicação Corporativa da Unilever, Marcos Freire D´Aguiar. Ao contrário, ele diz que as expectativas do setor são de aumento das vendas neste verão de 15% a 20%. Para a Kibon, que produz por ano 120 milhões de picolés não deixa de ser uma boa notícia, pois poderá chegar a 150 milhões e tem capacidade instalada para tal. "O verão responde por 70% das vendas da Kibon e essa é uma oportunidade de bons negócios". Temporários Os empresários comemoram e contratam trabalhadores temporários para atender os pedidos. Eliezier Moraes, gerente Comercial da Loren Sid, a maior fábrica de ventiladores de teto dessa região, diz que esses temporários já estão tendo que trabalhar duas horas extras diárias ao lado dos outros 570 empregados, para ampliar a produção. As fábricas de ventiladores dessa cidade são responsáveis por 90% do mercado nacional e empregam 60% da mão-de-obra ocupada na indústria do município. Em quatro grandes indústrias de ventiladores trabalham 2,8 mil metalúrgicos. A Loren Sid é responsável por 70% da produção local: 1,7 milhão dos 2,5 milhões de ventiladores de parede e de teto que Catanduva vai pôr no mercado em 2006. Reposição de estoques A onda de calor teve reflexos também nas vendas de protetores solares. Segundo a gerente de grupo de cuidados com a pele da Johnson&Johnson, Flávia Carvalho, clientes da empresa estão repondo até 40% mais Sundown do que em 2005. "Principalmente aqueles com fator de proteção solar acima de 15", diz. "Cerca de 40% de nossas vendas se concentram nesta época do ano. Uma onda quente só tende a aumentá-las ainda mais." Na Nivea, a marca Nivea Sun, voltada para proteção solar e bronzeamento, já representa 20% do faturamento da empresa. A expectativa da empresa é que o crescimento em vendas chegue a 30%. Para isso, a empresa investe em sua campanha publicitária, estrelada por Gisele Bündchen. A marca elegeu um Estado para intensificar suas ações promocionais: a Bahia. "O Nordeste foi responsável por 16% das vendas", destaca a gerente de produto Daniella Brissac. Para o setor de bebidas e refrigerantes, o período de verão chega a responder por 45% das vendas, emendando com o carnaval, segundo o diretor de Marketing do Grupo Schincariol, Luiz Cláudio Taya de Araújo. Esse período emendando com o carnaval concentra as principais ações das empresas, mas não deve faltar cerveja. E se faltar, fabricantes de sucos e outras bebidas já estão com promoções nas areias, loucos para conquistar espaço.

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