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Consumo das famílias cresceu 5,9% no semestre

O aumento da massa salarial real e a facilidade na obtenção de crédito reforçaram o poder de compra

Por Andrea Vialli , Jacqueline Farid e Adriana Chiarini
Atualização:

Um dos motores do aumento do PIB no segundo trimestre, o consumo das famílias cresceu 5,7% em comparação com o segundo trimestre do ano passado e alcançou a cifra de R$ 379,575 bilhões, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE. No primeiro semestre, o crescimento no consumo chega a 5,9%, impulsionado pelo aumento da massa salarial real no período e a facilidade de obtenção de crédito para pessoas físicas. No que depender da professora Maria Tereza Rodrigues Santos, o consumo das famílias vai continuar crescendo até o fim do ano. No final da tarde de ontem, ela fazia compras com o marido em uma loja de móveis e eletroeletrônicos na região Norte da capital paulista. "Depois de 25 anos de casada, resolvi trocar os eletrodomésticos antigos", conta a professora, que comprou máquina de lavar roupas, fogão, geladeira, exaustor para cozinha e um colchão de casal. Tudo parcelado no cartão de crédito. "Estou aproveitando este momento de crédito farto. Se não fossem as facilidades, não teria como pagar à vista", afirma. Com uma renda familiar mensal de R$ 7 mil, a professora vê com bons olhos o aumento do consumo no Brasil. "Acho importante que as pessoas de menor poder aquisitivo possam consumir mais, e as facilidades do crédito contribuem para isso." O analista de sistemas Edson Silva, que pesquisava preços de móveis com a mulher, Sabrina Serruya, tem opinião diferente. "O brasileiro está se endividando. Muitas pessoas já comprometeram 80% da renda com financiamentos e isso não é um bom sinal", diz. "Esse aumento no consumo vai trazer consequências sérias para o País, como superprodução, risco de inflação e problemas de infra-estrutura", analisa. Silva se diz comedido nos gastos, poupa 20% do salário e prefere pagar suas compras à vista. "Ando na contramão", diz. Mas o casal ainda deve contribuir para elevar o PIB até o fim do ano. Recém-casados, estão mobiliando a casa e devem comprar móveis e utensílios domésticos nos próximos meses. E planejam para 2008 a troca dos dois carros que estão na garagem por modelos mais novos. No entanto, há quem prefira evitar a farra do consumo. A bancária Sueli Mendonça vai evitar grandes gastos até o ano que vem, quando pretende adquirir uma televisão de LCD, "atual sonho de consumo". Com uma renda média mensal de R$ 1,5 mil, Sueli ainda está quitando prestações do carro - comprado no ano passado e financiado em 24 vezes - e de uma viagem à Cuba. "Até o final do ano, vou evitar gastos maiores e manter só as despesas do dia-a-dia, como roupas e alimentos." MUDANÇA A coordenadora de contas trimestrais do IBGE, Rebeca Palis, afirma que os bons resultados do consumo das famílias ilustram uma "mudança de composição" que está ocorrendo no crescimento da economia desde o início de 2006, com o mercado interno tomando o lugar das exportações como principal motor da economia. Segundo Rebeca, o consumo foi influenciado pelo aumento de 5,2% na massa salarial real no segundo trimestre deste ano ante igual período do ano passado e pela expansão, nesse período, de 26,5% no saldo de operações de crédito do sistema financeiro para pessoas físicas. Segundo ela, a queda na taxa Selic também influencia o consumo interno.

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