
08 de dezembro de 2008 | 17h08
Mesmo com a desaceleração já prevista no Produto Interno Bruto (PIB)do 4º trimestre deste ano, a proporção do consumo das famílias brasileiras nos dados deve aumentar, apesar da escassez de crédito registrada nos últimos meses. Isso porque, com a retração das exportações e importações, o setor vai ganhar destaque no PIB. A avaliação é do professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, Fábio Kanczuk. Veja também:A medida do crescimento do PaísBC decide juros em meio a dilema entre inflação e recessãoDesemprego, a terceira fase da crise financeira globalEntenda a disparada do dólar e seus efeitos Dicionário da crise Lições de 29Como o mundo reage à crise Nos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes aos dados do 2º trimestre deste ano, o consumo das famílias aparece com participação de 6,7% no PIB, enquanto o setor externo, representado por exportações e importações, registrava uma parcela de 30,9%. Os dados do 3º trimestre serão divulgados nesta terça-feira, 9, mas, segundo Kanczuk, não devem mostrar ainda os efeitos da crise financeira. "Isso é uma das coisas surpreendentes que têm acontecido nos dados brasileiros, o efeito da crise demorou muito até aparecer", afirmou. "Mas no 4º trimestre os efeitos vêm com tudo." Para ele, a variação do PIB neste trimestre, em comparação com o anterior, deve ficar próxima de zero. Assim, a economia deve fechar 2008 com expansão entre 4,5% e 5%. No próximo ano, a tendência de desaceleração continua, pelo menos até o 3º trimestre. "Em 2009 o PIB ficará entre 2% e 3%, com a desaceleração continuando muito forte pelo menos no começo do ano", afirmou o professor. Produção industrial Na semana passada, a divulgação da queda de 1,7% na produção industrial em outubro, segundo o IBGE, surpreendeu o mercado, que previa uma retração menor. "Os dados sobre a produção industrial de outubro apontam para uma economia andando mais devagar do que se imaginava", diz o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges. Segundo o economista Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, a crise entrou em uma nova fase. "A dificuldade maior foi o crédito, principalmente nos setores imobiliário, de automóveis e eletroeletrônicos, que fez com que as vendas caíssem muito", diz Leite. "No segundo momento, o impacto chegou à produção, as fábricas tiveram vendas baixas, elevada falta de crédito, algumas recorreram a férias coletivas ou demissões." De acordo com Leite, agora o crédito começou a ser restaurado. O economista avalia que a produção industrial voltará a se aquecer no começo de 2009. "A partir de maio, começa a melhorar e, no segundo semestre de 2009, já estará recuperada", diz. Juros Diante do cenário de desaceleração econômica, é grande a expectativa para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central que começa nesta terça-feira. Para a maioria dos analistas do mercado, o Copom deverá manter a taxa básica de juros (Selic) inalterada, em 13,75%. Kanczuk compartilha desta opinião. Para ele, mesmo que os dados do 3º trimestre ainda não mostrem desaceleração, os componentes do Comitê já sabem que este é um "PIB atrasado". "O Copom não mexe nos juros exatamente porque já viu os últimos dados do 4º trimestre." (com BBC Brasil)
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