PUBLICIDADE

Publicidade

Consumo de energia bate novo recorde em março

A Região Norte continua puxando o consumo. O aumento foi de 8,66% em relação ao do mesmo período do ano passado

Por Agencia Estado
Atualização:

O consumo de energia elétrica em março registrou novo recorde histórico, ao atingir 36.714 gigawatts por hora (GW/h), o que corresponde a 49.347 megawatts (MW) médios. É o terceiro mês seguido de recordes, já que em janeiro e fevereiro o País já havia registrado altas históricas de consumo. Conforme os dados preliminares do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) obtidos pela Agência Estado, o consumo de março corresponde a um aumento de 4,28% em relação ao registrado em março do ano passado. Embora o consumo médio em março tenha ficado 1,27% acima do observado na média de fevereiro, houve uma ligeira desaceleração no ritmo de aumento. Em janeiro, o consumo registrado ficou 5,23% acima do observado em janeiro de 2005 e em fevereiro o aumento foi de 5,88% sobre igual mês do ano passado. Ao todo, nos três primeiros meses do ano, o País consumiu 104.945 GW/h, com aumento de 5,09% sobre o primeiro trimestre de 2005. Regiões A Região Norte continua puxando o consumo, graças à forte demanda das indústrias eletrointensivas instaladas no local. O aumento de março foi de 8,66% em relação ao mesmo período do ano passado. O Sudeste registrou aumento de 4,50% no intervalo de 12 meses, enquanto a região Sul continua na `lanterninha´ entre os quatro submercados, com variação de 2,89% no último mês com relação a março do ano passado. Parte do aumento no Sudeste foi devido à maior temperatura média deste ano. No Nordeste, o aumento foi de 3,10% no mesmo período. Aumento Em termos absolutos, o aumento de consumo no período atingiu 2.026 MW médios, já que a média de março de 2005 havia oscilado em torno de 47.320 MW médios. Para atender esse acréscimo no consumo apenas através de hidroeletricidade, que corresponde a cerca de 95% do total gerado pelo sistema elétrico brasileiro, o Brasil precisaria agregar entre 3 mil e 3.500 MW de novas usinas a cada ano. Ou seja, o complexo do rio Madeira, em Rondônia, que o governo pretende licitar este ano e que tem potência em torno de 6.500 MW, seria "engolido" em apenas dois anos, mantido o ritmo atual de crescimento da economia. Caso o Produto Interno Bruto (PIB) pule para um patamar superior a 5% ao ano, a exigência de novas usinas torna-se ainda maior. Reservatórios Os dados do ONS mostram que os reservatórios das grandes hidrelétricas da região Sudeste, que respondem por dois terços da capacidade de armazenamento total do sistema, devem encerrar o período `molhado´ (abril) com bastante água. No final do mês passado, os reservatórios da região estavam em 85,38% da capacidade máxima, apenas 0,92% abaixo do registrado em março do ano passado. Esse patamar corresponde a uma folga de cerca de 26 pontos percentuais em relação à curva bianual de aversão ao risco. Esse mecanismo foi criado pelo governo após o racionamento de 2001 e visa a evitar que os reservatórios caiam abaixo de determinados patamares. Para evitar isso, o ONS "despacha" usinas térmicas para economizar água. A desvantagem para o sistema é que esses despachos encarecem o custo da energia, que acaba sendo repassado ao consumidor. Este ano a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adotou mecanismos ainda mais conservadores para a curva de risco, gerando uma `reserva´ extra para o sistema em torno de 9mil MW na região Sudeste. No Sul, onde está se iniciando o período molhado, ao contrário das demais regiões do País, os reservatórios encerraram o mês passado em 51,89% da capacidade máxima de armazenamento, com 34,8 pontos percentuais de folga em relação à curva de risco. O ONS tem feito transferências maciças de energia do Sudeste para o Sul visando a preservar os reservatórios da região. Em alguns dias a transferência de energia atingiu 3.500 MW médios, o que corresponde a cerca de 40% do consumo no Sul. No Nordeste, os reservatórios permanecem em patamares elevados, apesar das chuvas desfavoráveis deste ano. Neste ano, conforme acerto com a Petrobras, o ONS tem despachado térmicas da estatal no Sudeste e transferido para a região, preservando os reservatórios do Nordeste. Com essa estratégia, os reservatórios do Nordeste estão em torno de 88,9% da capacidade máxima de armazenamento, com folga de 39,9 pontos percentuais em relação à curva de aversão ao risco. No Norte, onde não há curva de aversão ao risco, os reservatórios estão praticamente no limite máximo de armazenamento, com 99,11% da capacidade ocupada.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.