PUBLICIDADE

Consumo de energia por ar condicionado triplica

Segundo pesquisa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), número de aparelhos usados em residências dobrou em um período de 12 anos

Por Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

RIO - O aparelho de ar condicionado está deixando de ser luxo na vida do brasileiro para se tornar uma necessidade, como fogão e geladeira, apesar da dor de cabeça que pode causar pelo inevitável aumento da conta de luz que vem junto com o conforto. Um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostra que o consumo de energia elétrica por condicionadores de ar no setor residencial mais que triplicou nos últimos 12 anos, e a compra de novos aparelhos por residências subiu 9% ao ano entre 2005 e 2017, duplicando o número de aparelhos na casa dos brasileiros.

PUBLICIDADE

O analista de suporte Cleber José Gomes Clemente, 50 anos, não vê a hora de comprar o seu aparelho para enfrentar o verão que chegou forte, mesmo que as bandeiras tarifárias ameacem o orçamento familiar. Ele tem como prioridade a aquisição do aparelho em janeiro, assim que entrar de férias. De preferência à vista e o mais rápido possível, nem que para isso tenha que cortar outros prazeres, como a TV a cabo e um pacote mais generoso de internet.

“Esse fim de ano o calor está fora do controle, precisa ter conforto pra dormir, e até para se alimentar. A gente abre mão de uma TV a cabo, baixa o pacote da internet e no final do mês sabe que (a economia) é para a conta de luz, vale a pena.”  No momento trabalhando com a bandeira verde, que não acrescenta nenhum real à conta de luz por causa de chuvas melhores do que o esperado e reservatórios de hidrelétricas mais cheios do que o ano passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) teve que acionar este ano cinco vezes a bandeira vermelha – que acrescenta R$ 0,050 para cada quilowatt-hora consumido – e duas vezes a bandeira amarela - mais R$ 0,010 para cada quilowatt-hora (kWh). 

Ar-condicionado está deixando de ser luxo na vida do brasileiro para se tornar necessidade Foto: Pixabay

Apesar de terem pesado no bolso, os ajustes das tarifas de 2018 foram mais amenos que os de 2017, quando a Aneel acionou seis vezes a bandeira vermelha e três a amarela, sobrando apenas três meses sem acréscimo nas contas de luz.

Segundo o estudo da EPE, a conta do consumidor pode ser mais branda se os aparelhos adquiridos cumprirem os requisitos de eficiência energética. “Políticas de etiquetagem e índices mínimos de eficiência energética podem eliminar do mercado equipamentos menos eficientes e encorajar os fabricantes a desenvolverem e ofertarem equipamentos mais eficientes”, diz a EPE, lembrando que os índices mínimos de eficiência energética para condicionadores de ar foram implantados em 2007 e revisados em 2011 e 2018.

Renda. A autarquia explica que o boom dos aparelhos de ar foi causada pela melhora do poder aquisitivo, após períodos de baixo crescimento econômico que caracterizaram as décadas de 1980 e parte da década de 1990. Uma tendência que deve perdurar. “O aumento da renda deve contribuir para o aumento na posse de aparelhos de ar condicionado nos próximos anos, impactando na demanda de energia elétrica”, afirmou ao Estadão/Broadcast o diretor e Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais da EPE e coordenador do estudo, Thiago Barral.

A previsão da EPE, que acha baixo o número de aparelhos nas residências – apenas 0,4 por domicílio –, é de uma demanda crescente em potencial, que deverá ser atendida no futuro. 

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.