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Consumo de gasolina é o menor desde 1996

Por Agencia Estado
Atualização:

O consumo de gasolina no Brasil retrocedeu a níveis de seis anos atrás. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), as vendas das distribuidoras de combustíveis para os postos totalizaram, segundo estimativas, perto dos 21,8 bilhões de litros em 2002. É o menor volume desde 1996, quando o consumo foi de 20,5 bilhões de litros. Adulteração, substituição por gás natural veicular (GNV) e álcool, além do alto preço, principalmente em 2002, são as causas apontadas para a retração. Tradicionalmente, o consumo de combustíveis acompanha a evolução do PIB, crescendo até um pouco mais por causa da existência de uma demanda reprimida, segundo o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE). De 1998 a 2001, porém, as vendas de gasolina caíram 0,9% ao ano, enquanto o PIB por habitante registrou alta anual média de 0,4%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão ligado ao Ministério do Planejamento. Em 2002, dados preliminares indicam crescimento do PIB por habitante de 0,35%, diz o economista do Ipea Paulo Levy. O consumo de gasolina, por outro lado, deve registrar pequena queda ou, no mínimo, ficar estagnado - os dados ainda não foram fechados pela ANP. "Analisando os números, vê-se que a queda do consumo não está associada à renda per capita", afirma. Representantes de postos e distribuidoras atribuem à adulteração a maior culpa pela redução do consumo. O presidente da Federação Nacional dos Revendedores de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), Luiz Gil Siuffo, estima que pelo menos 6% do mercado seja adulterado. "A prática cresceu na última década com o aumento de preço do combustível e o abrandamento na fiscalização." Há, no entanto, outros fatores contribuindo para a retração, lembra Adriano Pires. "Houve crescimento considerável do consumo de gás natural veicular, principalmente entre as frotas de táxi do Rio e São Paulo. Além disso, o consumo de álcool subiu no último ano, em decorrência do aumento do preço da gasolina", diz. O gás natural se tornou o combustível preponderante nos táxis cariocas e começa a ganhar volume nos paulistas. Entre 1998 e 2001, houve crescimento de 437% nas vendas do produto, segundo o CBIE. Em janeiro de 2003, a estimativa das distribuidoras é que o consumo de gasolina tenha caído mais, principalmente por causa do preço. Segundo cálculos da Fecombustíveis, para cada aumento de 10% no preço do combustível, o consumo cai 1%. De 1998 até agora, houve alta de cerca de 170% no preço da gasolina, acentuada em 2002, depois da liberação dos preços. O preço médio por litro há cinco anos ficou em torno de R$ 0,80, contra os R$ 2,16 da última pesquisa da ANP. "Houve achatamento do poder de compra da população na última década e a gasolina foi um dos vilões, já que o seu preço cresceu bem mais do que a inflação no período", afirma o diretor-adjunto de Pesquisa do Instituto de Economia da UFRJ, Helder Pinto Júnior.

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