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Consumo popular ignora a crise

Por Agencia Estado
Atualização:

Para as centenas de pessoas que se acotovelavam neste sábado na rua José Paulino, no Bom Retiro, o desemprego esta aí, a inflação subiu, mas nada disso vai estragar as compras de Natal. Na meca do comércio popular, muitos consumidores estão se antecipando na compra dos presentes, com medo da alta dos preços e da falta de produtos. Algumas pessoas foram só pesquisar, já que ainda estão esperando o 13° salário para engordar a conta bancária. Mas os consumidores garantem: com crise ou sem crise, ninguém vai ficar sem presente. "Nem que seja alguma coisa de R$ 15", esclarece a dentista Ana Regina Martins. Ana e suas amigas Cléia Alcala, contadora, e Vera Zaparoli, advogada, saíram de Jundiaí às 7h30 do sábado, rumo às lojas da José Paulino. Encontrar vaga para estacionar foi um martírio. "Isso aqui está uma loucura, nunca vi tanta gente comprando", disse Cléia. Depois de duas horas explorando araras e examinando vitrines, já estavam carregadas de sacolas. Dez camisetas, dois vestidos, camisas...Mas as listas eram longas e a maratona ainda estava longe de terminar. "Só estamos começando", disse Ana, que tinha em sua lista 60 pessoas. A advogada Ana Regina Queiroz, de 36 anos, também resolveu começar cedo. Habitué do périplo 25 de Março - José Paulino, ela sabe que as mercadorias acabam logo. "É bom vir logo, senão perto do Natal já não se encontra mais nada para comprar." Ana já riscou da sua lista de presentes o primo e a tia. A aposentada Maria Helena Silveira, 52, saiu de Bauru na sexta-feira e passou três horas na estrada. Subiu e desceu a José Paulino várias vezes, de lista em riste, pesquisando preços. A camisa de tencel de R$ 39,90, para o seu genro, já era uma das escolhidas. Faltavam só nove presentes. "Resolvi vir antes porque depois tudo fica mais caro, ainda mais com esta inflação." Jailson Gonçalves e sua noiva, Elisete, já tinham comprado o presente do pai dela e apressavam-se para escapar do tumulto. "Comprei um shorts de banho na Casa do Gordo", disse Elisete. "Mas está muito cheio e nós vamos embora", disse o noivo, impaciente. Está certo que o gasto médio é baixo. Segundo Maria Aparecida Silva, gerente da Dorinho´s, a maioria dos consumidores acaba gastando R$ 20 na loja. Mesmo assim, Aparecida comemorava o movimento. "Crise? Dá uma olhada aqui dentro da loja, tem fila para comprar", disse. "Trabalho aqui há seis anos e esse é um dos melhores finais de ano." Muita gente ainda está na expectativa da primeira parcela do 13° salário para sair gastando. "Compras de Natal, só no mês que vem", disse o assessor Felipe Frasseto. Ontem, ele e sua mulher, a secretária Ângela, estavam só olhando. O problema da comerciante Sandra Matarazzo, 48, também é o 13°. Mas não o seu. "Primeiro tenho que ver se vai dar para pagar os funcionários, depois vou sair fazendo compras", diz Sandra que tem uma loja de móveis. "Este ano está meio fraco, tanto que larguei a loja e estou aqui, batendo perna, em pleno sábado." Mesmo quem não está com o Natal magro tenta economizar. A empresária Rosana Leão, 42, e sua cunhada, a professora Kátia Leão, 34, aboliram o shopping este ano. "No shopping estão reajustando todos os preços, aqui está mais barato", diz Rosana. Por enquanto, elas ainda estão nos presentes "egoístas"e vão pensar nas listas depois.

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