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Contas externas fecham no azul em agosto e atingem US$ 1,6 bi, melhor resultado do mês desde 2006

Os investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo também ficaram no positivo, somando US$ 4,451 bilhões

Foto do author Eduardo Rodrigues
Foto do author Lorenna Rodrigues
Por Eduardo Rodrigues e Lorenna Rodrigues (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - O resultado das transações correntes do Brasil com outros países ficou positivo em US$ 1,684 bilhão em agosto, informou nesta sexta-feira, 24, Banco Central. Esse é o segundo maior superávit para meses de agosto desde o início da série histórica do BC, em 1995, e o melhor desempenho desde 2006, quando o saldo positivo recorde foi de US$ 2,127 bilhões no mês.

O número de agosto ficou acima da maioria das estimativas dos economistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que apostavam em um resultado positivo de US$ 1,075 bilhão, e também veio melhor que a projeção do próprio BC, de superávit de US$ 1,1 bilhão na conta corrente. 

Resultado divulgado pelo Banco Central é o segundo maior superávit para o mês de agosto desde o início da série histórica do BC, em 1995. Foto: André Dusek/Estadão

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A conta de transações correntes no balanço de pagamentos engloba todos os negócios do Brasil com o exterior, incluindo o saldo comercial de mercadorias e serviços, as remessas de lucros e dividendos e os juros pagos pelas empresas, além das transferências pessoais entre países.

A balança comercial registrou saldo positivo de US$ 5,648 bilhões em agosto, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 1,577 bilhão. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 2,601 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou positivo em US$ 1,724 bilhão.

Os dados refletem os efeitos da pandemia do novo coronavírus, que desde março do ano passado tem reduzido o volume de importações de produtos. Ao mesmo tempo, o Brasil tem se aproveitado da maior demanda global por commodities, produtos básicos, como alimentos, minério de ferro e petróleo, que são pilares da pauta de exportação do País.

No acumulado de janeiro a agosto, o rombo nas contas externas soma US$ 6,539 bilhões. A estimativa atual do BC é de superávit em conta corrente de US$ 3 bilhões em 2021. A projeção deve ser atualizada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) na semana que vem.

Nos 12 meses até agosto, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 19,505 bilhões, o que representa 1,23% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse é o menor déficit em proporção do PIB desde janeiro de 2018, quando ficou em 1,11%.

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Investimento estrangeiro

Os Investimentos Diretos no País (IDP) somaram US$ 4,451 bilhões em agosto, segundo o BC. No mesmo período do ano passado, o montante havia sido de US$ 2,592 bilhões. 

O resultado ficou dentro das estimativas apuradas pelo Projeções Broadcast, que iam de US$ 4,30 bilhões a US$ 6,705 bilhões. Pelos cálculos do Banco Central, o IDP de agosto indicaria entrada de US$ 5,8 bilhões. 

O IDP representa os investimentos produtivos feitos por estrangeiros no País, tanto na construção de novas fábricas quanto na aquisição de participação em companhias em funcionamento.

No acumulado do ano, o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo somou US$ 36,245 bilhões. A estimativa do BC para este ano é de IDP de US$ 60 bilhões.

Em 12 meses até agosto, o saldo de investimento estrangeiro ficou em US$ 49,356 bilhões, o que representa 3,12% do PIB. 

Viagens internacionais 

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Ainda sob os efeitos da pandemia de covid-19, a conta de viagens internacionais registrou déficit de US$ 195 milhões em agosto. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em agosto de 2020, o déficit nessa conta foi de US$ 123 milhões. 

Com o dólar mais elevado e a restrição de voos em vários países, os gastos líquidos dos brasileiros no exterior despencaram desde o ano passado. A pandemia de covid-19 ganhou corpo a partir de março de 2020, quando se intensificaram as restrições de deslocamento entre países.

O desempenho da conta de viagens internacionais no mês passado foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 447 milhões, enquanto o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 252 milhões no mês passado.

No acumulado do ano, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 1,089 bilhão. No mesmo período do ano passado, o déficit nessa conta foi de US$ 1,892 bilhão. 

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