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Contas externas sensíveis à nova taxa cambial

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Por Redação
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O déficit das transações correntes do balanço de pagamentos atingiu, em agosto, US$ 4,852 bilhões, um recorde que, aliado à conjuntura internacional, levou o Banco Central (BC) a rever suas previsões para este ano, de US$ 60 bilhões para US$ 54 bilhões. Mas o mais discutível foi a previsão de que as operações da conta capital e financeira irão dos US$ 88,2 bilhões inicialmente estimados para US$ 111,4 bilhões.A mudança que se registra na taxa cambial certamente produzirá profundas modificações nas contas externas. Admitindo-se uma taxa de R$ 1,90 por dólar, pode-se prever uma elevação das exportações e um recuo das importações, com melhoria do resultado da balança comercial, que levou o BC a rever a estimativa de superávit de US$ 20 bilhões para US$ 29 bilhões.Mas alguns fatores podem frustrar essas expectativas. As exportações, de modo geral, representam decisões tomadas com pelo menos três meses de antecedência, e a desvalorização permite uma melhoria imediata em termos de reais, e não em moeda estrangeira. Para as commodities, os contratos estão prevendo a possibilidade de uma redução em dólares, se houver desvalorização da moeda do país fornecedor - o que já se verifica com o minério de ferro. Deve-se, ainda, levar em conta as dificuldades ocasionadas pela queda, já sensível, do financiamento das exportações.É possível que haja uma redução das importações, em razão da taxa cambial e das dificuldades de financiamento. Mas, sendo grande a participação de componentes importados nos produtos acabados, não se pode esperar forte e rápida queda das importações. Não é o caso das viagens internacionais, cuja conta mostra sensível redução do déficit já em setembro.É do lado das operações financeiras que deve haver as mudanças mais importantes. Nos oito primeiros meses do ano, elas foram responsáveis por mais de 200% do déficit em conta corrente. Mas poderão se reduzir nos últimos meses do ano.No quadro atual da economia mundial, é provável que se registre um recuo dos investimentos estrangeiros diretos, embora os investidores recebam mais reais com a desvalorização. Já se nota um ligeiro recuo dos financiamentos, que deve se acentuar. Em setembro já houve também queda dos investimentos em renda fixa.Com as reservas de que dispõe, o Brasil não enfrentará dificuldades a médio prazo, embora o País dependa muito do exterior.

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