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Contas externas têm déficit menor em maio e BC melhora projeção para 2015

Após rombo de US$ 6,9 bilhões em abril, déficit das transações correntes somou US$ 3,4 bilhões no mês passado e voltou a ser coberto pelo investimento direto no País

Foto do author Célia Froufe
Foto do author Lorenna Rodrigues
Por Célia Froufe (Broadcast) e Lorenna Rodrigues (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - Após um rombo de US$ 6,9 bilhões em abril, o déficit das transações correntes somou US$ 3,36 bilhões em maio. A projeção do Banco Central era de um saldo negativo bem maior, de US$ 5,4 bilhões. O resultado de maio também veio melhor do que o esperado pelo mercado. As estimativas de 12 participantes do levantamento realizado pelo AE Projeções, da Agência Estado, iam de déficit de US$ 3,9 bilhões a US$ 5,3 bilhões.

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Com isso, os Investimentos Diretos no País (IDP, antes chamados de IED) voltaram a ser suficientes para cobrir o rombo mensal. Esses recursos trazidos por estrangeiros e que são destinados para o setor produtivo somaram US$ 6,6 bilhões em maio.

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, disse que "eventos não-econômicos" impactaram negativamente os investimentos diretos no Brasil no início do ano, mas que esse quadro está sendo deixados para trás. Ele ressaltou que isso tende a influenciar positivamente a entrada desses recursos no segundo semestre.

No acumulado dos últimos 12 meses, até maio deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 95,7 bilhões, o que representa 4,39% do Produto Interno Bruto (PIB). Já o IDP soma US$ 83 bilhões ou 3,81% do PIB. Nos primeiros cinco meses do ano, por sua vez, o rombo nas contas externas soma US$ 35,8 bilhões ou 4,17% do PIB, enquanto o IDP totaliza US$ 25,5 bilhões ou 4,12% do PIB.

Com o resultado, o BC passou a prever um rombo de US$ 81 bilhões nas transações correntes este ano, menor do que a estimativa anterior, de um déficit de US$ 84 bilhões.

Um dos itens mais importantes para chegar a esse montante é a previsão para o comportamento da balança comercial no período, que foi mantida com um superávit de US$ 3 bilhões. No caso das exportações, entretanto, a estimativa do BC passou de US$ 210 bilhões para US$ 200 bilhões. Já para as importações houve um recuo na expectativa de US$ 207 bilhões para US$ 197 bilhões em 2015.

Já a projeção para ingresso de investimento via IDP ficou em US$ 80 bilhões. Apesar da diferença entre as projeções para transações correntes e IDP estar menor, o volume ainda é insuficiente para cobrir o rombo das contas externas também previsto pela instituição.

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Metodologia. Vale lembrar que os números de maio levam em conta a nova metodologia do BC para as estatísticas de Setor Externo. Com as mudanças adotadas pela instituição, a série histórica foi reduzida e há dados disponíveis somente a partir de janeiro de 2014. Anteriormente, as informações iam até 1947.

Em maio, a balança comercial registrou um saldo positivo de US$ 2,522 bilhões, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 3,390 bilhões. A conta de renda primária também ficou deficitária em US$ 2,694 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou negativo e US$ 3,204.

Projeção.O chefe do Departamento Econômico do Banco Central informou que projeta déficit em conta corrente em junho de US$ 3,5 bilhões, seguindo a tendência de volumes mais baixos mensais do que os verificados em idênticos meses de 2014. Em junho de 2014, o rombo das contas externas foi de US$ 5,1 bilhões.

Segundo Maciel, o saldo de maio refletiu o processo de ajuste que vem sendo observado desde o final do ano passado. "As contas foram impactadas principalmente pelo comportamento do câmbio e um menor crescimento da economia", avaliou. "O resultado também veio menor do que a do ano passado", continuou. Por conta disso, justificou Maciel, o BC optou por reduzir a projeção para o déficit em conta corrente do acumulado deste ano. "A nova projeção seguiu as tendências de diminuição", considerou, acrescentado que a nova estimativa para o setor externo representará 4,2% do Produto Interno Bruto (PIB).

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