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Contas externas têm rombo de US$ 1,699 bi em setembro, informa BC

Esse é o pior resultado para o mês em dois anos; investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo somaram US$ 4,495 bilhões 

Foto do author Eduardo Rodrigues
Foto do author Thaís Barcellos
Por Eduardo Rodrigues e Thaís Barcellos (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - O resultado das transações correntes ficou negativo em setembro, em US$ 1,699 bilhão, informou nesta sexta-feira, 22, o Banco Central (BC). Esse é pior desempenho para meses de setembro desde 2019, quando o saldo foi negativo em US$ 3,736 bilhões. No mesmo mês de 2020, o rombo foi de US$ 346 milhões.

O número de setembro ficou dentro do levantamento realizado pelo Projeções Broadcast, que tinha intervalo de déficit de US$ 2,526 bilhões a superávit de US$ 2,100 bilhões (mediana negativa em US$ 1,600 bilhão). O BC projetava para o mês passado déficit de US$ 1,9 bilhão na conta corrente.

Banco Central informo que o resultado das transações correntes ficou negativo em setembro, em US$ 1,699 bilhão. Foto: Antonio Cruz/Estadão

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A conta de transações correntes no balanço de pagamentos engloba todos os negócios do Brasil com o exterior, incluindo o saldo comercial de mercadorias e serviços, as remessas de lucros e dividendos e os juros pagos pelas empresas, além das transferências pessoais entre países.

A balança comercial registrou saldo positivo de US$ 2,461 bilhões em setembro, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 1,357 bilhão. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 3,073 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou negativo em US$ 1,751 bilhão.

No acumulado de janeiro a setembro deste ano, o rombo nas contas externas soma US$ 8,082 bilhões. A estimativa atual do BC é de déficit na conta corrente de US$ 21 bilhões em 2021. A projeção foi atualizada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do mês passado.

Nos 12 meses até setembro, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 20,702 bilhões, o que representa 1,30% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse é o maior déficit em proporção do PIB desde abril deste ano, quando ficou em 1,45%. 

Investimento estrangeiro

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Os Investimentos Diretos no País (IDP) somaram US$ 4,495 bilhões em setembro, segundo o BC. No mesmo período do ano passado, o montante havia sido de US$ 3,424 bilhões.

O resultado ficou menor do que a mediana de US$ 5,200 bilhões das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast, cujo intervalo ia de US$ 3,750 bilhões a US$ 5,700 bilhões. Pelos cálculos do Banco Central, o IDP de setembro indicaria entrada de US$ 5,0 bilhões.

O IDP representa os investimentos produtivos feitos por estrangeiros no País, tanto na construção de novas fábricas quanto na aquisição de participação em companhias em funcionamento.

De janeiro a setembro, o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo somou US$ 40,740 bilhões. A estimativa do BC para este ano é de IDP de US$ 55 bilhões. 

No acumulado dos 12 meses até setembro deste ano, o saldo de investimento estrangeiro ficou em US$ 50,427 bilhões, o que representa 3,16% do PIB.

Viagens internacionais

A conta de viagens internacionais ficou negativa em US$ 237 milhões no mês passado. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em setembro de 2020, o déficit nessa conta foi de US$ 138 milhões.

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Com o dólar mais elevado e a restrição de voos em vários países, os gastos líquidos dos brasileiros no exterior despencaram desde o ano passado. A pandemia de covid-19 ganhou corpo a partir de março de 2020, quando se intensificaram as restrições de deslocamento entre países.

O desempenho da conta de viagens internacionais foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 474 milhões em setembro. O gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 236 milhões no mês passado.

No acumulado do ano até setembro, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 1,326 bilhão. No mesmo período do ano passado, o déficit nessa conta foi de US$ 2,029 bilhões.

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