Publicidade

Contas fiscais equilibradas não impõem sacrifícios

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O déficit fiscal dos Estados Unidos chegou a ser eliminado no governo Clinton, no final dos anos 90. Ressurgiu e cresceu com o financiamento da guerra no Iraque e a crise econômica, chegando ao pico de 10,9% do PIB, em 2009. Nos últimos oito meses do ano fiscal iniciado em outubro, foi de US$ 626 bilhões, 26% menos do que em igual período do ano fiscal anterior. Pela primeira vez, desde 2008, será inferior a US$ 1 trilhão, segundo o Congressional Budget Office (CBO), que prevê um déficit de US$ 642 bilhões, neste ano, e de US$ 378 bilhões, em 2015.A queda do déficit entre os primeiros trimestres de 2012 e 2013, da ordem de 3% do PIB, deveu-se à combinação de corte de despesas com aumento de receitas. As regras aprovadas no Congresso - que votou contra o déficit - obrigaram o governo Obama a um ajuste, contra o qual o presidente lutou, mas perdeu. As previsões catastróficas sobre o efeito do corte no ritmo da atividade, neste ano, não se confirmaram. A economia norte-americana deverá, segundo o Banco Mundial, crescer 2% neste ano, acima do que se imaginava quando o Congresso impôs o aperto à administração Obama. O FMI prevê crescimento do PIB dos EUA de 1,9% e considera o aperto fiscal muito severo, com corte de 1,15% a 1,75% do PIB de 2013. Ainda assim, a economia norte-americana dá sinais de vigor, acentuando a diferença entre Estados Unidos, União Europeia e emergentes. Para o Brasil, o exemplo é útil. O governo brasileiro age como se os gastos fiscais fossem sempre virtuosos. Subsídios e incentivos são anunciados regularmente, assim como a destinação de recursos novos para o BNDES emprestar a tomadores ou setores escolhidos. A Fazenda também parece acreditar que pode controlar o câmbio, apesar do risco de despender cambiais que poderão ser escassas, mais adiante. Intervenções no mercado de câmbio teriam de ser tópicas, pois não podem evitar que o dólar se valorize se há razões econômicas para isso, no caso, a retomada norte-americana.O resultado do ativismo econômico do Estado brasileiro é desfavorável para a economia. Além disso, políticas fiscal e cambial pouco claras geram oscilações nos mercados de câmbio e de ações, com prejuízos para alguns e lucros para outros.Uma política fiscal equilibrada ajudaria a conter a inflação, sem impor forte alta do juro básico. Os Estados Unidos mostram que cortes de despesas fazem menos mal do que supõem as autoridades brasileiras.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.