15 de junho de 2013 | 02h10
A queda do déficit entre os primeiros trimestres de 2012 e 2013, da ordem de 3% do PIB, deveu-se à combinação de corte de despesas com aumento de receitas. As regras aprovadas no Congresso - que votou contra o déficit - obrigaram o governo Obama a um ajuste, contra o qual o presidente lutou, mas perdeu.
As previsões catastróficas sobre o efeito do corte no ritmo da atividade, neste ano, não se confirmaram. A economia norte-americana deverá, segundo o Banco Mundial, crescer 2% neste ano, acima do que se imaginava quando o Congresso impôs o aperto à administração Obama. O FMI prevê crescimento do PIB dos EUA de 1,9% e considera o aperto fiscal muito severo, com corte de 1,15% a 1,75% do PIB de 2013. Ainda assim, a economia norte-americana dá sinais de vigor, acentuando a diferença entre Estados Unidos, União Europeia e emergentes.
Para o Brasil, o exemplo é útil. O governo brasileiro age como se os gastos fiscais fossem sempre virtuosos. Subsídios e incentivos são anunciados regularmente, assim como a destinação de recursos novos para o BNDES emprestar a tomadores ou setores escolhidos. A Fazenda também parece acreditar que pode controlar o câmbio, apesar do risco de despender cambiais que poderão ser escassas, mais adiante. Intervenções no mercado de câmbio teriam de ser tópicas, pois não podem evitar que o dólar se valorize se há razões econômicas para isso, no caso, a retomada norte-americana.
O resultado do ativismo econômico do Estado brasileiro é desfavorável para a economia. Além disso, políticas fiscal e cambial pouco claras geram oscilações nos mercados de câmbio e de ações, com prejuízos para alguns e lucros para outros.
Uma política fiscal equilibrada ajudaria a conter a inflação, sem impor forte alta do juro básico. Os Estados Unidos mostram que cortes de despesas fazem menos mal do que supõem as autoridades brasileiras.
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