PUBLICIDADE

Contencioso do algodão: Brasil ganhou, mas até agora não levou

Por Sonia Racy e sonia.racy@grupoestado.com.br
Atualização:

Enquanto o Brasil continua à espera de uma decisão da OMC que condene os programas americanos de subsídio à produção de algodão, o Congresso americano continua insistindo na mão contrária: estuda propostas de ampliar esses subsídios. Uma decisão sobre a disputa aberta pelo Brasil há três anos, para saber se os EUA cumpriram ou não a decisão da OMC, deveria ser divulgada amanhã, mas foi mais uma vez adiada. Para a próxima semana. ''''Em 2005, ganhamos, mas até agora não levamos. Eles continuam subsidiando o algodão'''', reclama o ex-secretário do Ministério da Agricultura Pedro de Camargo Neto, responsável pela bem-sucedida ação contra os EUA, em relação ao algodão, na OMC. Para Camargo, o problema é que nos últimos tempos o governo brasileiro isolou e limitou o contencioso do algodão aos procedimentos jurídicos em Genebra. Com isso, deixou de utilizar o potencial de pressão política e de relações públicas que o fato de o País ter apresentado a queixa - e ganho a disputa - teria na Rodada Doha. E, conseqüentemente, também no debate sobre a nova Lei Agrícola americana, que vai definir os subsídios até 2011. Apostou em nova condenação, que daria ao Brasil o direito de retaliar os americanos num valor estimado pelo governo em US$ 4 bilhões. Só que essa condenação ainda não veio. O erro, segundo Camargo, foi deixar que a discussão sobre subsídios ao algodão fosse posta de lado na agenda bilateral Brasil-EUA, como se o tema estivesse sub judice. ''''Parece-me que acreditaram que a rodada iria reduzir os subsídios e por isso o contencioso do algodão estaria resolvido. Pelo menos é o que se pode concluir do fato de que foi somente depois da fracassada reunião de Potsdam que se decidiu por iniciar um novo contencioso sobre os subsídios americanos.'''' Esse foi um grave equívoco, segundo Camargo. ''''Com essa postura, o que fizeram foi deixar transparecer que o País estaria satisfeito com o que fosse negociado em Doha. ''''E que, com a grande liderança brasileira, iriam subjugar os lobbies agrícolas de Washington.'''' IMPRESSÃO DIGITAL A exemplo da maioria dos economistas, Roberto Padovani, do WestLB no Brasil, acredita que o placar desta semana no Copom aumentou a probabilidade de maior cautela no encontro de setembro. Com razão? ''''Podem ter considerado as confusões em torno da meta de inflação. Afinal, este foi o único fato novo entre a divulgação do Relatório de Inflação e o Copom. Depois, segundo o comunicado, o BC vai estar atento a indicadores de curto prazo, basicamente, o impacto da atividade econômica sobre a inflação. A Ata deve vir com explicações sobre a real meta para 2009, se de 4,5% ou 4%? ''''Não acredito'''', diz Padovani. NA FRENTE CLAREZA E SEGURANÇA Ontem, Ben Bernanke estimou as perdas relacionadas aos problemas no mercado de hipotecas de segunda linha (subprime) nos EUA em algo entre US$ 50 bilhões e US$ 100 bilhões. Explicitação ruim para os mercados? Não, segundo se apurou com alguns tesoureiros de bancos de peso. Acreditam que sempre que a autoridade monetária é transparente ao tamanho dos riscos embutidos nos mercados, sejam eles de ordem creditícia, contábil e tudo mais, ela só tem a ganhar: vai dominar melhor as expectativas de mercado e conter exageros. MONITORAMENTO A Autotrac Satélite, de Nelson Piquet, acaba de fechar contrato com a Alesat, maior distribuidora de combustíveis do Brasil. Serão implantados rastreadores em 100% de sua frota. BOOM De olho no bom momento do mercado automobilístico no Brasil, a Nissan lança no dia 27 o Nissan Tiida, modelo fabricado no México. Até o fim do ano, vem também uma picape de luxo. E, até 2009, tem planos de importar mais três veículos. PÍFIO Para quem acompanha as negociações agrícolas multilaterais desde o início da Rodada Uruguai, em 86, em Punta del Este, e acreditou que o Brasil conseguiria reduzir as distorções, qualquer acordo que saia agora, se sair, será pífio, para não dizer medíocre. Foram 20 anos, quase uma geração, para dar um passinho à frente. GLOBAL A paranaense Noma, em sua primeira exportação à Argélia, embarca esta semana 52 semi-reboques. E planeja abrir linha de montagem no país árabe. MELHORADINHA Depois de muita confusão na Zona Franca de Manaus, a LG, pelo jeito, resolveu quadruplicar o pagamento de ICMS, que está sendo questionado pela Justiça. De R$ 2 milhões mensais, estaria pagando agora R$ 8 milhões. Segundo cálculo do mercado, porém, ainda muito aquém dos R$ 25 milhões que deveria pagar para se equiparar às concorrentes. AVISAR ADIANTA? Tem muita gente achando que, do jeito que vai, além do Apagão Aéreo, vamos ter outro Apagão de Energia. O governo Lula não está conseguindo investimento no setor, nem por meio do PAC nem das PPPs ou mesmo incentivando a iniciativa privada. NO PAPEL A Stora Enso não é acionista da Aracruz, e sim da Veracel.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.