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Contexto internacional pressiona o dólar, diz Malan

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, afirmou que a valorização da moeda americana é resultado do contexto internacional adverso, da incerteza na economia mundial e no campo "político-militar", referindo-se à pressão que o governo dos Estados Unidos tem exercido junto à comunidade internacional para atacar o Iraque. Malan descartou nesta segunda-feira, em Belo Horizonte, um novo encontro dos candidatos à Presidência da República com o presidente Fernando Henrique Cardoso como recurso para conter a alta do dólar. O ministro ressaltou que a partir de agora cabe aos candidatos deixar claro, publicamente, o compromisso que assumiram, no encontro com o presidente, de respeito aos contratos internos e externos, com a Lei de Responsabilidade Fiscal e a geração de superávits primários. "Venho dizendo há algum tempo que os candidatos estariam fazendo um enorme serviço a si próprios e ao País se procurassem deixar claros esses compromissos, como já o fizeram por escrito, com estas questões básicas." O ministro reiterou que há uma "expectativa exagerada de preocupações com relação ao processo eleitoral brasileiro e com o curso das ações do próximo governo". Para Malan, no entanto, os compromissos assinados pelos quatro principais candidatos têm que ser levados a sério, principalmente em relação ao respeito pelos contratos do governo. "É natural que alguns estejam mais sobressaltados, porque os mercados estão sempre procurando olhar o futuro e avaliar a incerteza", afirmou. Ainda assim, segundo ele, "é desnecessário qualquer novo encontro com o presidente, até porque cada um deve falar por si no momento atual". Conforme o ministro da Fazenda, o quadro de instabilidade deve reduzir-se à medida que fique claro para os analistas da cena brasileira no exterior a natureza dos compromissos já assumidos. Segundo Pedro Malan, não se trata de credibilidade do acordo firmados pelos candidatos, mas da análise de milhares de observadores do Brasil no exterior, que levam em conta uma série de fatores. Dessa forma, de acordo com ele, "tudo que nós brasileiros pudermos fazer para reduzir o grau de incerteza e a instabilidade é positivo para o País". Questionado sobre se o Banco Central pretendia atuar de forma mais agressiva no mercado, afirmou apenas que "o BC se reserva o direito de agir quando se fizer necessário. Não se anuncia nada por antecipação". O ministro esteve nesta segunda-feira à noite na capital mineira, participando da entrega dos prêmios das 300 Maiores Empresas do Estado, promovido pela Federação das Indústrias (Fiemg) e o jornal Estado de Minas, no qual a Fiat Automóveis foi a grande ganhadora. Durante um discurso que durou mais de meia hora, Malan expôs que as grandes dificuldades enfrentadas pelo país "são resultado do contexto internacional desfavorável, desde a crise no sudeste asiático em 1997". De acordo com ele, ainda que o presidente Fernando Henrique Cardoso seja o segundo civil eleito nos últimos anos da política brasileira, a transição deverá ocorrer da forma "menos turbulenta e custosa possível". O ministro relatou as conquistas do governo atual e concordou com os empresários presentes à solenidade que a reforma fiscal é imprescindível, mas que a alta carga tributária do país, de 34% do PIB, não é devida "à sanha arrecadadora do meu colega (secretário da Receita Federal), Everardo Maciel, e sim à disparidade entre o volume dos gastos públicos e as formas de financiamento". Ao final do pronunciamento, o ministro afirmou que "espera que a próxima administração possa entregar o país, em 2006, melhor do que recebeu, porque estou seguro de que este governo, apesar de todas as adversidades, está conseguindo". O ministro da Fazenda revelou que a conclusão do encontro de contas entre a União e o governo de Minas ainda está sendo analisado. O Estado tem pleiteado créditos de mais de R$ 2 bilhões junto ao governo federal e conta com os recursos para saldar o décimo-terceiro salário dos servidores. "Não se trata de uma decisão política, porque outros Estados têm pleitos semelhantes e estamos analisando a documentação encaminhada pelo governo mineiro."

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