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Contra alta nos gastos, secretário de Guedes defende privatizações como 'verdadeiro Plano Marshall'

Para Adolfo Sachsida, é fundamental acelerar investimentos maciços em infraestrutura, mas a maneira de fazer isso é via setor privado; ele comparou plano a estratégia dos EUA no pós-Segunda Guerra

Foto do author Adriana Fernandes
Foto do author Amanda Pupo
Por Adriana Fernandes e Amanda Pupo (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - O secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, disse que o verdadeiro “Plano Marshall” brasileiro de reconstrução nacional será não gastar mais na fase pós-pandemia da covid-19. Ele defende ampliar a velocidade das privatizações, concessões e a facilitar o investimento privado em infraestrutura.

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O secretário que cuida da área de previsão e formulação de políticas públicas disse que o Estado não é bom guia para a recuperação econômica.“Insistir para o governo gastar mais depois da crise é um erro”, afirmou. 

O Plano Marshall foi a estratégia dos Estados Unidos de financiar a reconstrução e recuperação dos países aliados após a Segunda Guerra Mundial. Como o Estado mostrou, o governo articula um plano para ampliar os investimentos em infraestrutura como forma de estimular a geração de emprego e renda no curto prazo e ampliar a produtividade e capacidade de crescimento do País no longo prazo. 

O secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida. Foto: Dida Sampaio/Estadão - 8/4/2020

As primeiras ideias foram levadas nesta quarta-feira, 22, ao presidente Jair Bolsonaro. O Ministério da Economia ainda não está envolvido diretamente nas discussões, segundo apurou o Estadão/Broadcast, que ficaram concentradas no Palácio do Planalto e ministérios da Infraestrutura e Desenvolvimento Regional.

Segundo Sachsida, que integra a equipe econômica desde a transição de governo, é fundamental acelerar investimentos maciços em infraestrutura nesse momento, mas a maneira de fazer isso é via o setor privado. “Se você quer fazer um paralelo com o regime militar, eu me arrisco, o governo Castelo Branco (1964-1967) foi o de reformas na época militar, reformas pró-mercado”, disse.

O secretário considera um equívoco o ímpeto de buscar o caminho do aumento do gasto público depois da fase atual.“A experiência do governo Dilma Rousseff nos mostrou uma importante lição. Apostar que o Estado deve liderar a recuperação econômica é insistir no erro que nos jogou na crise sem precedentes de 2015 e 2016.”

Questionado sobre a estratégia do governo, que está na direção contrária da posição defendida por ele, o secretário respondeu:“O que eu posso dizer é que todos estão querendo ajudar. Isso que é importante. A minha visão é que o verdadeiro Plano Marshall não é gastar mais. No Brasil, não temos recursos fiscais para a expansão do gasto público”. 

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O secretário é contra a mudança do teto de gastos, regra que proíbe que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação, para abrir espaço para os investimentos. Para ele, o teto de gastos é o pilar macro fiscal da economia.

Sachsida disse que está acompanhando o debate em torno do papel do Estado na fase de recuperação econômica.“Estou acompanhando e, por isso, a importância da nossa nota técnica que fizemos que mostra que a saída da crisese dá pelas reformas econômicas. E as reformas pró-econômicas são reformas pró-mercado”, enfatizou.

O secretário chamou atenção para o fato de que o aumento da relação entre a dívida pública e Produto Interno Bruto (PIB) será o principal entrave ao crescimento da economia de depois da pandemia. “Por isso, não podemos adotar medidas que aumentem o endividamento. Pelo contrário.”

Impulso de curto prazo

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No Ministério da Infraestrutura, o plano de investimentos públicos é encarado como um complemento à agenda de concessões tocada pela pasta, que tem R$ 230 bilhões de investimento contratado até 2022. 

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, tem frisado que o cronograma de transferência de ativos à iniciativa privada segue firme na pasta, sendo um dos principais motores para a retomada de investimentos no cenário pós-pandemia. Há um entendimento, no entanto, de que é necessário um impulso de curto prazo, com recursos públicos, para alavancar o setor nesse momento, gerando empregos e renda. 

A proposta do ministério envolve cerca de 150 obras e aproximadamente R$ 30 bilhões em investimentos, com geração de 1 milhão de postos de emprego. Na última segunda-feira, 20, Freitas ressaltou durante participação em live que a prioridade será finalizar as obras inacabadas. “Estamos falando principalmente em usar aquilo que está prioritariamente em andamento, obras que estão abaixo do ritmo em razão da falta de recursos", afirmou o ministro na ocasião. 

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Outro ponto destacado entre integrantes do ministério é que a pasta está respondendo a uma demanda da Casa Civil, comandada por Walter Braga Netto, que é quem está coordenando esse plano de recuperação. Como mostrou a Coluna do Estadão nesta quarta-feira, o ministro-chefe da Casa Civil quer um plano de retomada econômica para “uns 30 anos”.

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