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Contra crise, governo lança agenda de comércio exterior

Por Renata Veríssimo
Atualização:

Preocupado com a retração do mercado mundial e com uma escalada protecionista em vários mercados, o governo lançou hoje uma agenda internacional que contém ações coordenadas para o comércio exterior e para atração de investimentos. Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Welber Barral, a intenção da agenda, que ficará disponível no site do ministério, é reunir todas as ações, missões e feiras que serão realizadas pelo governo para ajudar o setor privado a abrir novos mercados. Barral disse que, em função do cenário mundial, o Brasil deve ser também mais agressivo nas reuniões bilaterais com parceiros prioritários. "O objetivo da agenda é condensar informações sobre mercados relevantes e apresentar o cronograma de missões internacionais, dando transparência às ações do governo para facilitar o planejamento do setor privado", disse o secretário. A agenda traz uma lista de países selecionados como prioritários para as exportações brasileiras, como, por exemplo, África do Sul, Índia, México, Japão e Coreia do Sul. "Além de todas as atividades de médio prazo, que constavam da estratégia brasileira de exportação, temos de ter uma agenda mais agressiva em um ano de crise. Então, a intenção é mostrar a potencialidade de vários mercados para onde o Brasil tem exportado pouco", informou. Barral disse que os países em desenvolvimento ainda devem apresentar crescimento econômico neste ano e isso abre uma oportunidade para o Brasil. "O que interessa é manter o curso da consolidação e dar uma estabilidade para as exportações brasileiras e, para isso, é preciso diversificar as exportações e agregar valor para não ficarmos dependentes de poucos produtos em alguns mercados", disse. O secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Célio Porto, disse que o Brasil precisa trabalhar na eliminação de barreiras para garantir mercados importantes. Ele citou, por exemplo, que o ministro Reinhold Stephanes irá fazer um road show, em junho, em alguns países da Europa, onde há muito ataque à qualidade dos produtos brasileiros. Ele disse também que a ideia é aproveitar a ida do presidente Lula à China, em maio, para tentar abrir o mercado para as exportações de carnes brasileiras. Meta de exportações Barral disse também que o Brasil deve alcançar em 2009 a meta de participação de 1,25% das exportações mundiais. Segundo ele, isso deve acontecer não porque as exportações brasileiras vão crescer muito, mas porque as de outros países cairão muito mais. A meta está prevista na Política de Desenvolvimento Produtivo para 2010. Segundo Barral, apesar da possibilidade de a meta ser alcançada já este ano, o governo quer que ela tenha estabilidade no futuro. O secretário de Comércio Exterior informou que tem recebido reclamações do setor privado de queda de demanda. "Há reclamações pontuais sobre medidas protecionistas e nós estamos agindo rapidamente, nas reuniões bilaterais", afirmou. O secretário disse que também há reclamações sobre a falta de financiamento para pequenas e médias empresas, além do excesso de burocracia. Barral informou que na próxima sexta-feira haverá uma reunião técnica com o governo do Equador para tentar reverter algumas barreiras técnicas, sobre produtos brasileiros. O Equador adotou recentemente cotas, aumento de tarifas e barreiras técnicas para as exportações brasileiras. E no dia 17 haverá uma reunião de ministros brasileiros e argentinos para discutir problemas da agenda bilateral. "Queremos deixar tudo claro para não haver uma escalada protecionista", afirmou. ZPEs O ministro Miguel Jorge encaminhou ontem para a Casa Civil da Presidência da República a minuta de decreto que regulamenta o funcionamento do Conselho das Zonas de Processamento de Exportações (ZPEs), informou Barral. A partir da instalação do Conselho serão definidos os critérios para a aprovação dos projetos das ZPEs. Barral espera que o decreto seja assinado ainda este mês pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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