RIO - Apesar da recessão, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) contratou R$ 19,45 bilhões em novos financiamentos para o setor de infraestrutura em 2017, uma alta nominal (sem descontar a inflação) de 26% em relação ao valor total de 2016.
O destaque foram os projetos da área de energia, cujos novos contratos somaram R$ 15,46 bilhões no ano passado, quase o dobro de 2016.
++CGU acha R$ 1,3 bi em 'pagamentos indevidos' no Bolsa Família
"O que aconteceu foi que no setor de energia tivemos leiloes mais regulares e com isso esse pipeline (de empréstimos) foi alimentado", afirmou Marilene Ramos, diretora das áreas de infraestrutura do BNDES.
++Venda de veículos sobe 9,25% em 2017 após quatro anos seguidos em queda
Já os desembolsos somaram R$ 19,83 bilhões em empréstimos para projetos de infraestrutura já aprovados em 2017, uma alta nominal de 13% em relação ao valor de 2016.
Segundo Marilene, o setor responde tradicionalmente por 30% a 40% dos desembolsos totais do banco de fomento, o que aponta para um valor de desembolsos abaixo de R$ 70 bilhões. Em 2016, o banco liberou um total de R$ 88,3 bilhões.
++Brasil deixa de exportar pescado para a União Europeia
Para 2018, o BNDES projeta liberar R$ 23 bilhões para o setor de infraestrutura.
A executiva acredita que o papel do banco no financiamento à infraestrutura se manterá mesmo com a entrada em vigor da Taxa de Longo Prazo (TLP), o novo juro do BNDES, em vigor desde 1º de janeiro.
Leilões. Ainda apostando na demanda gerada pelos leilões de energia de 2016 e 2017, o BNDES projeta que as contratações de novos financiamentos para o setor de infraestrutura somarão R$ 54 bilhões em 2018 e 2019. O valor para 2018 deverá ficar acima de R$ 30 bilhões, disse Marilene.
Segundo a diretora, a projeção está garantida, mesmo se o BNDES devolver todos os R$ 130 bilhões da dívida com o Tesouro Nacional, conforme o pedido feito pelo Ministério da Fazenda no ano passado.
++Presidente do Banco Central diz que há chance de corte adicional de juro
"Acreditamos que o BNDES tem condição de ter o funding necessário para atender essa demanda", afirmou Marilene, completando que a projeção não é ameaçada pela necessidade de devolver recursos "pelas condições de captação que o banco tem".
Os R$ 54 bilhões em novos empréstimos previstos para 2018 e 2019 estão baseados no conjunto de pedidos de financiamento em análise pelo BNDES. Ao citar exemplos, a superintendente da Área de Saneamento e Transportes, Luciene Machado, citou o plano de investimentos 2015-2019 da Rumo Logística, que está em "fase final de análise".
Segundo a executiva, a empresa deverá tomar de R$ 2 bilhões a R$ 2,5 bilhões junto ao BNDES para financiar o plano.
VEJA TAMBÉM Governo cria comitê de auditoria para o caso Boeing/Embraer