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Controle da inflação por juros é mais eficiente, diz Meirelles

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, defendeu o controle da inflação por meio de uma política de juros. Para ele, essa medida é mais eficiente do que outros mecanismos já tentados. Durante apresentação na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, Meirelles disse que estudos realizados pelo BC indicam que o aumento da Selic produz uma redução no IPCA no futuro. "Taxas de juros mais altas fazem com que a inflação caia", disse. Ele lembrou que outros mecanismos, como o controle da taxa de câmbio, não funcionam para controlar a inflação, já que eles geram crises cambiais. Ele insistiu que o combate à inflação é a principal missão do Banco Central e somente com uma inflação baixa será possível o país crescer. "As expectativas mostram que a inflação projetada está menor, mas isso são apenas projeções. O fato é que a inflação acumulada é muito elevada e a inflação corrente, avaliando-se os últimos indicadores, mostra que ela ainda não está dominada". Poupança Para Meirelles, a taxa de juro real de equilíbrio no Brasil tenderá a cair à medida em que o risco País também diminuir. Para que isto ocorra, ele enfatizou a necessidade garantir um regime fiscal sustentável. Na opinião de Meirelles, a manutenção da política de geração de superávit primário também ajudará na diminuição do custo das operações de crédito ao tomador final. Isso acontecerá, segundo ele, porque os superávits ajudarão a reduzir a relação dívida/PIB. "Devido ao alto endividamento, o setor público absorve hoje grande parte da poupança privada" explicou. Ele também comentou que os níveis de inadimplência e a cunha fiscal também são fatores de encarecimento do crédito. Meirelles lembrou que a questão da cunha fiscal será debatida no âmbito da reforma tributária e a questão da inadimplência será tratada na nova lei de falências, que dará mais agilidade na execução das garantias. Independência do BC Meirelles reiterou que países com bancos centrais autônomos tendem a ter inflação e taxa de juros mais baixas. Segundo ele, essa tendência é vista em países como a Nova Zelândia, Chile, Canadá, Inglaterra e Coréia do Sul. Meirelles foi diplomático ao tratar da questão da autonomia do BC, alegando que o projeto é do governo e não da diretoria do banco, e que como o assunto ainda será discutido no Congresso Nacional, não caberia a ele sequer comentar se o Banco Central do Brasil deveria ou não se tornar autônomo. De qualquer forma, a apresentação feita por Meirelles enfatizou a diferença entre um BC independente e um autônomo, e mostrou para os parlamentares o desenho institucional possível de ser aplicado para o Banco Central no Brasil. Esse desenho, de acordo com as transparências apresentadas por Meirelles, mostra que as metas de crescimento da inflação seriam definidas pelo governo e o BC teria como objetivo central o cumprimento das metas estabalecidas.

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