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Convergência da inflação para meta não contempla reduções de juros, diz diretor do BC

De acordo com Altamir Lopes, ainda há riscos para o comportamento dos preços que não permitem trabalhar com a hipótese de flexibilização das condições monetárias

Por Álvaro Campos
Atualização:
A próxima quarta-feira, o BC decide o novo nível da Selic e os ativos negociados no Brasil vêm precificando corte entre 0,25 e 0,50 ponto na taxa básica Foto: André Dusek|Estadão

O diretor de política econômica do Banco Central, Altamir Lopes, voltou a afirmar nesta segunda-feira, 22, que a convergência da inflação para a meta de 4,5% em 2017 não contempla reduções de juros. A declaração foi dada durante o evento Brazil Macro and Political Conference, promovido pelo JP Morgan, segundo discurso divulgado no site do BC.

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"O cumprimento do regime de metas e a convergência da inflação para a meta de 4,5%, em 2017, não contemplam reduções da taxa básica de juros", afirmou Lopes.

Segundo ele, a despeito das perspectivas de uma menor depreciação cambial este ano, de uma sensível diminuição no processo de ajuste de preços administrados e de ambiente externo com tendência mais clara de menor crescimento - fatores que contribuem para o processo de desinflação esperado para 2016 - os riscos inerentes ao comportamento recente tanto das expectativas quanto das taxas observadas de inflação, e a presença de mecanismos de indexação na economia brasileira "não nos permitem trabalhar com a hipótese de flexibilização das condições monetárias".

Ele comentou que o câmbio passou por expressiva depreciação em 2014 e 2015, o que deixa menor espaço para movimentos significativos de alta do dólar em 2016.

Perspectivas. Apesar da decisão do BC de manter os juros estáveis na última reunião, Lopes disse que existem incertezas sobre o balanço de riscos para a inflação e reconheceu que as expectativas inflacionárias do mercado têm se elevado desde agosto do ano passado.

"A piora nas expectativas fundamenta-se, em grande parte, na inflação corrente mais elevada que o esperado. Assim, à medida que o processo desinflacionário materializar-se - esperamos desinflação de 2 pontos porcentuais já neste primeiro semestre -, as expectativas deverão estabilizar-se ou mesmo apresentar retração", argumentou.

Ele afirmou que, em relação aos riscos decorrentes de mecanismos que favorecem a persistência da inflação, "deve-se ressaltar que os efeitos cumulativos e defasados das ações de política monetária têm atuado para mitigar os impactos de segunda ordem sobre o processo de formação de preços". Já no caso do repasse da depreciação cambial para os preços ao consumidor, o diretor apontou que esse impacto ocorre mais rapidamente do que o efeito decorrente da distensão das condições nos mercados de produto e de trabalho.

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Lopes também ponderou que 2016 terá uma maior convergência entre a variação dos preços administrados e dos livres, ao mesmo tempo em que a inflação deverá passar a refletir melhor o estado da atividade econômica e das condições monetárias. "Sobre os preços administrados, importa considerar que o expressivo ajuste ocorrido em 2015, cuja variação alcançou 18%, deverá levar a significativa redução da inflação desses preços no ano corrente", explicou.

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