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Copa derruba preço de pacote turístico

Ao contrário do que se esperava, evento de futebol provocou uma alta de preços num primeiro momento, mas o quadro foi revertido

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Por Anna Carolina Papp
Atualização:

Quem pensava que a Copa do Mundo provocaria uma alta generalizada nos preços de pacotes de viagem se enganou. Como efeito colateral do Mundial, pacotes turísticos para as férias de julho, contrariando expectativas do mercado, devem sair quase pela metade do preço se comparados ao mesmo período do ano passado.

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A extensão do evento da Fifa até julho provocou num primeiro momento uma significativa alta de preços, fazendo com que até o consumidor mais organizado e precavido resistisse a fazer reservas antecipadas para as férias do meio do ano. Um desequilíbrio entre oferta e demanda, no entanto, levou agências, hoteleiras e companhias aéreas a baixar os preços iniciais. 

“Um motivo foi o fato de as férias escolares serem antecipadas para junho por causa da Copa, diminuindo a demanda para julho. O que vai salvá-la é que os hotéis resolveram praticar preços de baixa temporada”, diz Antônio Gomes, diretor comercial do site Hotel Urbano. Após uma promoção de descontos progressivos em junho, a agência estima queda de 40% nos preços para julho ante 2013. 

A CVC, maior operadora de turismo do País, também estima queda de 40% nos preços em julho em comparação ao mesmo mês no ano passado. Um pacote de oito dias em Natal, por exemplo, sai a partir de R$ 1.178 por pessoa - uma queda de 37% em relação ao ano passado. O mesmo período em Fortaleza, cidade-sede da Copa, custa a partir de R$ 1.328 - queda de 17% no preço original. Já no cenário internacional, quem quiser visitar a Flórida vai desembolsar 20% a menos, e Paris, 38%. 

Pacote de oito dias em Natal sai a partir de R$ 1.178 por pessoa, com queda de 37% em relação ao ano passado Foto: Paulo Liebert/Estadão

Passo atrás. Os preços de pacotes começaram a cair já em janeiro. Para o período da Copa, em junho e início de julho, houve diminuição de até 50% dos preços em comparação aos que vinham sendo anunciados e vendidos em 2013. Na contramão do manual do viajante, nesse caso, quem decidiu viajar de última hora pagou mais barato.

“Até o sorteio da Copa, em dezembro do ano passado, ninguém sabia onde seriam os jogos nem os fluxos de hotelaria ou de voos. Por precaução, a Fifa saiu bloqueando hotéis no Brasil inteiro. Alguns torcedores também já quiseram se precaver”, diz Valter Patriani, vice-presidente de produtos, vendas e marketing da CVC. “Então, mesmo sem ninguém saber a ordem, os hotéis e voos já estavam todos lotados”, explica.

Com esse movimento “especulativo”, houve grande alta nos preços - que começou a se desfazer logo após a definição do calendário. “Logo que saiu o sorteio, a agência da federação já liberou metade do que tinha bloqueado, o que teve um impacto muito grande. Um hotel em Fortaleza parceiro da CVC, por exemplo, teve 80% dos apartamentos devolvidos”, conta. Com isso, houve promoções com queda de até 50% nos preços de pacotes para o período da Copa, incluindo nas cidades-sede - desde que não propriamente em dias ou vésperas de jogos.

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“O preço praticado para compras entre janeiro e junho deste ano registrou uma queda considerável. Muitas companhias aéreas e redes de hotéis aproveitaram para oferecer diversas promoções para as cidades que irão receber os jogos, otimizando a ocupação do aviões, por exemplo”, diz Alípio Camanzano, diretor do Decolar.com.

Outra alternativa foi apostar em destinos para quem justamente queria “fugir” do evento. “A demanda mais alta para as cidades-sede foi há meses atrás. O que melhorou muito ultimamente foi a venda em regiões periféricas dessas cidades, como Búzios e Angra para o Rio de Janeiro”, diz Gomes, do Hotel Urbano. 

Para Edmar Bull, vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), mesmo com a fraca demanda inicial de pacotes e passagens em julho, o setor deve apresentar crescimento expressivo no mês com os ajustes na oferta. “Outro ponto é o turismo de negócios. Nunca tivemos um primeiro trimestre tão bom, com alta de 18% sobre o mesmo período no ano passado”, destaca ele. “Haverá de fato uma queda em junho, mas mesmo assim esperamos crescer dois dígitos no ano”, diz.

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