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Coperfrango suspenderá abate e demitirá 1,4 mil em SP

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A Coperfrango, maior cooperativa avícola do Estado de São Paulo, com sede em Descalvado (SP), vai suspender suas atividades por conta da crise de liquidez e comunicou ao sindicato local que irá demitir os cerca de 1,4 mil funcionários em suas cinco unidades. Com um faturamento de R$ 200 milhões em 2008, a empresa tem ainda cerca de 4,5 mil empregados indiretos. Responde, segundo a prefeitura local, por 33% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) devolvido ao município de 32 mil habitantes, ou R$ 8,1 milhões - 15% da arrecadação anual de R$ 54 milhões. Segundo Orlando dos Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação de Porto Ferreira e Região, que foi informado da decisão ontem pela cooperativa, "a Coperfrango só irá encerrar o abate de mais 800 mil frangos que estão nos alojamentos, o que deve ocorrer até o fim da próxima semana, antes fechar as portas e demitir todo mundo", disse. De acordo com o sindicalista, em uma assembleia, os trabalhadores da Coperfrango se dividiram em relação à decisão que irão tomar com as demissões. Metade pretende entrar com uma ação pedindo o confisco de imóveis da cooperativa para o pagamento de dívidas que incluem salários e futuras rescisões de contratos. "Ao mesmo tempo os outros vão seguir a orientação de esperar, pois vamos entrar na Justiça com uma ação coletiva para garantir o pagamento das rescisões e esperar por uma reestruturação", disse o presidente do sindicato. Santos disse que a Coperfrango informou ao sindicato que negocia uma parceria com empresas para tentar se reestruturar. Entre elas estariam a Pif Paf Alimentos, de Minas Gerais, e a paranaense Globoaves. A expectativa é que 45 dias após possível acordo de parceria a Coperfrango retomasse os abates e recontratasse os funcionários. Uma venda dos ativos da cooperativa seria inviável, já que muitos bens estariam penhorados. A Coperfrango deve abater nos últimos dias metade das 150 mil aves que processava no pico da produção. Há um mês representantes da cooperativa pediram ajuda ao secretário de Agricultura do Estado, João Sampaio, para que intercedesse a junto à Nossa Caixa e ao Banco do Brasil para a liberação de uma linha de crédito de capital de giro de R$ 3 milhões. A dívida total da empresa não foi revelada. O dinheiro para seguir com as operações não foi obtido, a Coperfrango não teve como pagar fornecedores de insumos e optou por parar as atividades. A Coperfrango foi criada em 1980 para ser o braço industrial e comercial avícola da Cooperativa Agrícola Mista do Vale do Mogi Guaçu (Coperguaçu), fundada dez anos antes também em Descalvado. O prefeito do município, Luís Antonio Panone (PPS), disse à Agência Estado que mesmo sem ter sido procurado oficialmente pela diretoria da Coperfrango tentou buscar recursos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Nós buscamos uma linha de auxílio às cooperativas que libera em créditos até 20% das receitas do ano anterior, o que corresponderia a R$ 40 milhões para a Coperfrango", disse. "Mas eram necessárias garantia, uma análise de risco e uma avaliação da capacidade de endividamento da companhia, por isso não deu certo", completou o prefeito.

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