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Copom agrada, mas mercado desconfia

A redução da Selic de 18,5% para 18% ao ano, decidida ontem, surpreendeu o mercado, que vinha pedindo o corte há meses. Mas a postura tradicionalmente conservadora do Copom não se confirmou e sobraram insinuações de ingerência política.

Por Agencia Estado
Atualização:

O Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu os investidores ontem e reduziu a Selic, taxa básica referencial de juros da economia, de 18,5% para 18% ao ano. Nas últimas reuniões mensais, o Comitê evitou o corte por conta das turbulências nos mercados, apesar de vislumbrar alguma folga nas metas de inflação. Agora, com todos os indicadores piores, a taxa caiu e a movimentação no mercado foi grande. Para muitos, houve interesse político na decisão. O fato é que ontem os mercados tiveram de se adaptar ao novo patamar dos juros, e o trabalho nas mesas foi intenso. Como a decisão na prática traz um estímulo para a economia real, a Bolsa de Valores subiu e os juros caíram. Analistas comentam que o dólar talvez tivesse caído na onda otimista, se não fosse pela não realização do esperado leilão de troca de títulos cambiais pelo Banco Central. Pelos cálculos do mercado, segundo apuração da repórter Silvana Rocha, o buraco deixado em aberto pelo BC nessa rolagem é de cerca de US$ 500 milhões, fazendo com que faltasse dólar. O comercial foi vendido a R$ 2,8970 nos últimos negócios do dia, em alta de 0,87% em relação às últimas operações de terça-feira, oscilando entre R$ 2,8630 e R$ 2,9150. No mercado de juros, os contratos de DI futuro com vencimento em janeiro de 2003 negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros pagaram taxas de 21,650% ao ano, frente a 21,950% ao ano terça. Já os títulos com vencimento em julho de 2003 têm taxas de 26,050% ao ano, frente a 27,050% ao ano. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda de 1,67% em 10754 pontos e volume de negócios mais elevado que nos últimos dias, de 542 milhões. Duas ações chamaram a atenção dos investidores, as altas da CSN ON (ordinárias, com direito a voto), com valorização de 15,20%, para R$ 54,03. A ação foi a mais movimentada no dia, com volume de R$ 101,082 milhões, ou 21,2% em função da fusão com a companhia anglo-holandesa Corus anunciada ontem. No campo negativo, o destaque voltou a ser Embratel, que não pára de cair. Os papéis ON caíram mais 8,37% ontem. Nos últimos trinta dias, a ação já despencou 57,20% com as preocupações de que a empresa não consiga competir com as novas ingressantes no mercado de ligações interurbanas e internacionais. O Copom decidiu descartar o componente político do atual cenário, acreditando que qualquer candidato que venha a vencer as eleições manterá uma política econômica responsável. Assim, encara as turbulências presentes como passageiras e passíveis de intervenção. Mas o mercado continua preocupado com o mau desempenho de José Serra (PSDB/PMDB) e espera que o candidato decole depois do início do horário eleitoral gratuito, em 20 de agosto. Até que isso aconteça, é difícil imaginar que os investidores acompanhem o Copom e retomem o otimismo. E as quedas nas bolsas em Nova York sofreram uma pausa ontem depois de sete pregões seguidos. O Dow Jones - Índice que mede a variação das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - fechou em alta de 0,82% (a 8542,5 pontos), e a Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York - subiu 1,60% (a 1397,25 pontos). Às 18 h, o euro era negociado a US$ 1,0076; uma queda de 0,42%. Ainda é cedo para avaliar se os atuais patamares se confirmarão, mesmo porque as altas de ontem foram modestas. O fato positivo é que foram motivadas por resultados positivos de grandes empresas e boas projeções de ganhos. Mas, assim como a instabilidade brasileira é muito mais política que econômica, a internacional é fruto de uma crise de confiança não solucionada. Os investidores, que amargam dois anos de quedas nas bolsas e seguidos escândalos de fraude contábil, precisam recobrar a confiança de que não terão surpresas desagradáveis por ações fraudulentas. E, nesse sentido, a investigação do vice-presidente do país e as denúncias que pipocam contra o próprio presidente George W. Bush não ajudam. Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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