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Copom anuncia que será mais conservador com juros

O termo "parcimônia" voltou a ser usado na ata. O trecho do parágrafo 20 é muito semelhante ao capítulo 22 da ata anterior, mas desta vez o Banco Central fala em "maior parcimônia" e não só em "parcimônia"

Por Agencia Estado
Atualização:

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira pelo Banco Central, voltou a considerar que a volatilidade (oscilação) dos mercados internacionais "poderá ter um caráter transitório". Mas o documento admite que as turbulências aumentaram as incertezas sobre a inflação. Diante deste cenário, o Comitê avisa que ficará "especialmente vigilante para evitar que a maior incerteza detectada em horizonte mais curtos se propague para horizontes mais longos". Ou seja, a cautela do BC deve aumentar. A última reunião do Copom foi realizada entre os dias 18 e 19 de julho. Nesta data, a Selic, a taxa básica de juros da economia, foi reduzida em 0,5 ponto porcentual - de 15,25% para 14,75% ao ano. O fato é que o termo "parcimônia" voltou a ser usado na ata. O trecho do parágrafo 20 é muito semelhante ao capítulo 22 da ata anterior, mas desta vez o Banco Central fala em "maior parcimônia" e não só em "parcimônia". "O Copom entende que a preservação das importantes conquistas obtidas no combate à inflação e na manutenção do crescimento econômico, com geração de empregos e aumento da renda real, poderá demandar que a flexibilização adicional da política monetária seja conduzida com maior parcimônia. Essa ponderação se torna ainda mais relevante quando se leva em conta que as próximas decisões da política monetária terão impactos progressivamente mais concentrados em 2007", diz a ata. No documento anterior o trecho que fazia referência à parcimônia dizia que a manutenção das conquistas requer: "que a flexibilização adicional da política monetária seja conduzida com parcimônia". Motivos para a preocupação Um dos motivos desta preocupação, segundo o documento, é a tendência de preços para o barril do petróleo. "A evolução recente reforça temores de que os preços internacionais do petróleo sustentam-se por mais tempo em um nível acima do que vinha sendo antecipado", afirma o documento. Como efeito desse cenário negativo em relação ao petróleo, a ata pondera que não está descartada uma alta dos preços dos combustíveis, o que acabaria pressionando os índices de inflação. O documento acrescenta que, além do possível impacto na gasolina, a situação do petróleo pode impactar os preços domésticos por meio de cadeias produtivas como a petroquímica e, também, pela deterioração das expectativas de inflação. Ainda como preocupação para os membros do Comitê está a tendência para as taxas de juros nos Estados Unidos. Como ainda há incertezas em relação à duração e à intensidade do ciclo de ajuste monetário nos Estados Unidos, pode haver momentos de forte oscilação nos mercados, provocado pela saída de investidores que fogem do risco. Este cenário é potencializado pelas tensões geopolíticas. "Essa instabilidade de curto prazo se refletiu no preço, em relação ao dólar norte-americano, de diversas moedas nacionais e nos prêmios de risco dos países emergentes", diz o texto, lembrando as flutuações de indicadores financeiros brasileiros. Mas, para a diretoria do Banco Central, a instabilidade "não configura um quadro de crise, tanto devido ao caráter potencialmente transitório de suas causas principais, quanto graças aos sólidos fundamentos da economia brasileira".

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