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Copom: corte de 0,25 era uma das apostas

O Copom decidiu há pouco reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual, o que era esperado por grande parte dos analistas. Um corte mais agressivo, de 0,5 ponto porcentual, também não surpreenderia os analistas. Segundo eles, o importante é que o BC aproveitou uma "janela de oportunidade".

Por Agencia Estado
Atualização:

O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou há pouco a redução da taxa Selic, a taxa básica de juros da economia, em 0,25 ponto porcentual. Com isso, a Selic passa de 18,75% ao ano para 18,50%, sem a colocação de viés, o que significa que a taxa deve permanecer neste patamar até a próxima reunião, nos dias 16 e 17 de abril. Segundo apurou o repórter Gustavo Freire, a nota distribuída no final da reunião afirma que "o Copom, tendo em vista a melhoria do cenário externo, reforça a expectativa de convergência da inflação para suas metas. Nesse contexto, o Copom reduziu a taxa Selic para 18,50% ao ano". As apostas dos analistas dividiam-se entre uma redução de 0,25 ponto porcentual e 0,50 ponto porcentual. O economista-chefe do Citibank, Carlos Kawall, era um dos que esperava uma redução de 0,25 ponto porcentual, mas disse que um corte de 0,5 ponto porcentual não iria surpreendê-lo. Em relação aos próximos meses, Kawall afirma que, com sinais mais claros de queda dos índices de inflação, as reduções poderão ser mais agressivas. Além disso, segundo ele, nos últimos dias o Banco Central (BC) deixou claro que está mais tranqüilo em relação à inflação. "O BC sinalizou que, no cenário para a inflação, não levará em conta a alta dos índices proveniente de uma inércia dos preços, assim como a elevação de preços de produtos periféricos, isto é, que não fazem parte do núcleo da inflação", afirma o economista-chefe do Citibank. O cumprimento da meta é o principal objetivo da política monetária. Em 2002, a meta de inflação anual é de 3,5%, com possibilidade de alta ou baixa de dois pontos porcentuais, mas, para os analistas, já ficou evidente que o BC não está mirando o centro da meta. Um resultado entre 4,0% e 4,5% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - usado como referência para a meta - já seria suficiente para a confirmação de um cenário com queda dos juros neste ano. Para o economista-chefe do Citibank, o IPCA deve fechar o ano em 5% e a Selic, em 17% ao ano. O diretor-executivo da Asset Management do West LB Banco Europeu, André Reis, também esperava um corte de 0,25 ponto porcentual, mas não descartava a possibilidade de uma postura mais agressiva por parte do BC. "Não faz muita diferença um corte de juros de 0,25 ou 0,50 ponto porcentual. O importante é que o Comitê está aproveitando uma janela de oportunidade para reduzir a Selic e é possível que este cenário permaneça até o final do primeiro semestre", afirma. Um relatório divulgado pela Fator Administração de Recursos Dória Atherino previa uma redução de 0,5 ponto porcentual. Segundo o texto, esta perspectiva tomava por base a ata da última reunião do Copom, em que o Banco Central revela uma postura mais "flexível" para o cumprimento da meta de inflação. Ou seja, sem mirar o centro da meta, mas dentro do intervalo permitido. Dólar equilibrado contribui para inflação controlada Os índices de inflação são influenciados, em grande parte, pelas taxas de câmbio. Isso porque, com o dólar mais caro, os preços dos produtos importados ficam mais elevados e os preços dos produtos nacionais que usam insumos importados são influenciados. Nos últimos dias, o dólar tem permanecido em patamares mais baixos, entre R$ 2,33 e R$ 2,35, devido a um conjunto de fatores positivos. São eles: o fluxo positivo de dólares para o mercado interno; a queda da taxa de risco do País, o avanço do presidenciável do PSDB, José Serra, nas pesquisas de intenções de voto; o descolamento do Brasil em relação à crise argentina; e a perspectiva de retomada da economia norte-americana. Veja nos links abaixo mais informações sobre a decisão do Copom.

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