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Copom deve manter Selic em 11%, avalia BNP Paribas

Por Mário Braga
Atualização:

O economista-chefe para a América Latina do banco BNP Paribas, Marcelo Carvalho, afirmou nesta segunda-feira, 26, que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter a taxa básica de juros, a Selic, em 11% ao ano na reunião desta semana. "O Copom dá sinais de que gostaria de parar (o ciclo de aperto monetário) para ver como fica a situação", comentou. A avaliação foi feita em entrevista coletiva online para comentar o relatório econômico trimestral da instituição.Carvalho destacou o argumento usado pela autoridade monetária, de que o aperto monetário atua sobre a economia com efeitos defasado e cumulativos. "Acredito que a pausa não é a decisão correta, já que a inflação continua alta e se vê a necessidade de retomada de elevação (da Selic) lá na frente", disse. A projeção do BNP Paribas é que a taxa básica de juros encerre 2015 em 13%."O ideal seria ter equilíbrio da política econômica, com política fiscal mais apertada, para o Banco Central ter que subir menos os juros", disse. Segundo Carvalho, atualmente o País tem uma política fiscal expansionista.PIBO Banco BNP Paribas estima que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer 1% tanto em 2014 como em 2015. "No ano que vem pode ser ainda menos", afirmou Carvalho.Segundo ele, o fato de a economia brasileira estar muito vinculada à da China, que vem desacelerando, é um fator que pesa contra o avanço mais expressivo do PIB brasileiro. "Além disso, o Brasil precisa criar condições de oferta e realizar reformas estruturais", avaliou Carvalho. "Enquanto isso não for feito, o crescimento vai ser baixo", comentou.AjusteMedidas intervencionistas adotadas pelo governo, como a redução da tarifa de energia elétrica e o controle dos preços dos combustíveis, "parecem boa ideia no curto prazo, mas acabam minando a confiança do empresário e do consumidor e criam mau humor no País", avalia Carvalho.O economista fez a ressalva que o Brasil não está fadado a ter um quadro pessimista por muito tempo. Ele classifica como inevitável um ajuste em 2015 e avalia que quanto mais cedo e mais intenso forem feitas mudanças na economia, mais rápido o País pode voltar a crescer "em bases sólidas". "Talvez a situação ainda piore antes de melhorar, mas quanto mais cedo se atacar as raízes que constroem esse mau humor, melhor vai ser a recuperação a partir de 2016 em diante", comentou.Carvalho afirmou que toda eleição gera incertezas naturais já que não se sabe quais políticas vão ser seguidas pela administração eleita. Ele ponderou, no entanto, que quem quer que ganhe a eleição deve caminhar no sentido de políticas econômicas mais amigáveis ao mercado e que ajudem a recompor a confiança e reduzir o mau humor. RacionamentoSobre a possibilidade de haver racionamento de energia em algumas regiões do País, Carvalho destacou que a maioria dos economistas não assume este como o cenário básico. "A incerteza é grande", disse. Apesar disso, ele reconheceu que a situação é difícil, o nível dos reservatórios é baixo e que já se recorre a termoelétricas. O economista destacou, no entanto, que na comparação com o quadro energético em 2001, a possibilidade de buscar novas formas de energia é um ponto positivo.Para Carvalho, é plausível que se atravesse 2014 sem um problema maior, mas que 2015 já comece com um nível baixo nos reservatórios e a chance de se ter dificuldade no ano que vem "é bastante significativa". "Não (estou falando) necessariamente de racionamento, mas algum tipo de consumo mais racional, de campanha de incentivos. Acho que tem uma probabilidade significativa disso acontecer".Quanto mais cedo esse tipo de medida for adotada, menor deve ser o impacto na economia, na avaliação do economista-chefe do BNP Paribas. "Em 2001, se falou entre 0,5 e 1,5 ponto porcentual. É mais ou menos essa a ordem de grandeza do que poderia ser o impacto sobre o PIB (se houver racionamento novamente)", avaliou.

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