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Copom deve manter taxa de juros, aconselha Mailson

Por Agencia Estado
Atualização:

O economista e ex-ministro da Fazenda, Mailson da Nóbrega, disse hoje, em entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo, que acha mais prudente que o Comitê de Política Monetária do Banco Central decida nesta semana pela manutenção da taxa Selic em 26,5%. "Com inflação não se brinca", alertou Mailson, para quem já existem sinais evidentes de queda da inflação. "Mas existe um componente chamado inercial, ou seja, aquilo que vem da inflação passada, que ainda está forte. E o Banco Central precisa se firmar, sua credibilidade é importante, até para evitar remarcações lá na frente", observou Mailson. Para os ex-ministro, os indicadores econômicos demonstram que o governo está adotando uma política econômica responsável. "Só que sempre que acontece isso, que começa a dar os primeiros resultados, aparece a turma dizendo assim: já é hora de afrouxar. Não é. Eu acho que em benefício de uma retomada segura da atividade econômica lá na frente, o Banco Central precisa se firmar neste momento". "O pior é se ele (BC) ceder a essas pressões. Se o Banco Central fizer isso vai agradar esse pessoal. Se não baixar, vai desagradar. Eu acho que é preferível, neste momento, assumir o sacrifício de desagradar, mas preparar a economia para a retomada segura de geração de emprego e assim por diante", ressaltou Mailson, para quem o governo não sairá desgastado, apesar das pressões políticas, inclusive do próprio vice-presidente, José Alencar. Para o ex-ministro, se o BC decidir pela redução da taxa Selic agora, mesmo sob argumentos técnicos, a interpretação, principalmente no mercado internacional, será de que o banco cedeu às pressões dos radicais do PT. "Aí sim eu acho que o Banco Central perderia credibilidade no exterior". Restrições à entrada de capital de curto prazo O economista considera "uma loucura" e "um equívoco terrível" qualquer tentativa, neste momento, de se criar restrições à entrada de capital de curto prazo no País. "A experiência mostra, tanto no Brasil quanto em outros países, que após uma crise de confiança como a gente viu no semestre passado, ela (a crise) começa a ser vencida com a chegada de capitais de curto prazo. No caso brasileiro estamos vendo agora uma conjunção interessante. Isso só se sustentará se mais à frente os capitais de curto prazo forem substituídos por capitais de longo prazo. Se as reformas contitucionais vierem elas serão o fator para consolidar essa tendência de substituição de capital", disse Mailson. "Seria uma loucura, um equívoco terrível neste momento criar restrições para a entrada desse capital, tributar como alguns andaram sugerindo, porque aí perderíamos o benefício dessa restauração de confiança que está associada à credibilidade do governo Lula", acrescentou Mailson. Para ele, a desvalorização da moeda americana foi a principal notícia que poderia surgir para a economia dos Estados Unidos e mundial. "A desvalorização da moeda americana impulsionará as exportações americanas para o resto do mundo, e evitará ou contribuirá para evitar uma deflação de preços", disse Mailson. Com isso, lembrou, a extensão do comércio exterior americano ajudará o mundo todo, inclusive o Brasil. Com relação ao câmbio no Brasil, Mailson da Nóbrega desaconselha uma intervenção do Banco Central. "Eu acho que o câmbio vai encontrar o seu patamar adequado. Provavelmente o câmbio vai ficar acima do que está hoje, a euforia vai dimuinuir um pouco. Eu diria que falar em dólar entre R$ 3,00 R$ 3,20 ao longo do ano me parece razoável".

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