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Copom corta Selic para 3,75% ao ano em meio a caos no mercado e pandemia do novo coronavírus

Valor da taxa era de 4,25% ao ano; este é o sexto corte consecutivo da taxa no atual ciclo, após período de 16 meses de estabilidade

Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Eduardo Rodrigues e Idiana Tomazelli
Atualização:

BRASÍLIA - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, reduzir a Selic (a taxa básica da economia) para 3,75% ponto porcentual, de 4,25%. Este é o sexto corte consecutivo da taxa no atual ciclo, após período de 16 meses de estabilidade. Com isso, a Selic está agora em um novo piso da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996.

Desde o início do atual ciclo, o Copom havia aplicado quatro reduções de 0,50 ponto porcentual e uma de 0,25 ponto percentual, na reunião passada. Agora, voltou a cortar em 0,5 ponto porcentual. No comunicado, os diretores do BC afirmam como "adequada" a manutenção da taxa Selic neste patamar. "No entanto, o comitê reconhece que se elevou a variância do seu balanço de riscos e novas informações sobre a conjuntura econômica serão essenciais para definir seus próximos passos", diz a nota.

Sede do Banco Central, em Brasília. Foto: Dida Sampaio/ Estadão

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O anúncio do Banco Central cita, como fatores que compõem o cenário econômico atual a "desaceleração significativa do crescimento global", a queda dos preços das commodities; o "aumento da volatividade nos preços de ativos financeiros", e os impactos futuros do coronavírus na economia - que, segundo o BC, ainda não estão refletidos nos dados mais recentes da atividade econômica brasileira.

O agravamento da crise global decorrente da pandemia do novo coronavírus levou diversos bancos centrais do mundo a intensificarem o afrouxamento das condições monetárias em economias centrais desde o último fim de semana. Com isso, boa parte do mercado passou de defender um corte de maior magnitude nos juros também no Brasil

"O Banco Central do Brasil ressalta que continuará fazendo uso de todo o seu arsenal de medidas de políticas monetária, cambial e de estabilidade financeira no enfrentamento da crise atual", diz o comunicado. 

Em levantamento realizado na segunda-feira, 16, das 26 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, 16 estimaram corte de 0,5 ponto porcentual na taxa básica de juros, o que levaria a taxa a 3,75% imediatamente. Outras cinco estimaram corte de 1,0 ponto porcentual, enquanto duas projetaram queda de 0,75 pp e outras três, de apenas 0,25 pp - nenhuma casa esperava manutenção da Selic em 4,25%.

O Copom se reúne a cada 45 dias para definir a Selic, buscando o cumprimento da meta de inflação. A meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão formado pelo Banco Central e Ministério da Economia.

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O centro da meta de inflação perseguida pelo BC em 2020 é de 4,00%, com margem de 1,5 ponto (de 2,5% a 5,5%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (2,25% a 5,25%). Já a meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (2,00 a 5,00%). 

Quando a inflação está alta ou indica que ficará acima da meta, o Copom eleva a Selic. Dessa forma, os juros cobrados pelos bancos tendem a subir, encarecendo o crédito e freando o consumo, assim, reduzindo o dinheiro em circulação na economia. Com isso, a inflação tende a cair.