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Copom sinaliza maior cautela futura

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Por Redação
Atualização:

A novidade na decisão de anteontem do Comitê de Política Monetária (Copom) é que foi mais apertada: 4 votos a favor da redução de 50 pontos básicos (p.b.) e 3 a favor de 25 p.b. de redução da Selic, que ficou em 11,5%. O Copom usou essa estreita diferença para sinalizar que, na sua próxima reunião, de 5 de setembro, é provável uma redução menor. Havia muita expectativa em torno da decisão de anteontem, tomada depois da confusa opção do Conselho Monetário Nacional de manter em 4,5% a meta de inflação para 2009, contrariando o Banco Central que era a favor de uma meta de 4%, não admitindo a tese de que uma meta mais realista permitiria redução maior da taxa Selic. O Copom, ao determinar queda de 50 pontos básicos Selic, não quis entrar nessa disputa entre desenvolvimentistas e monetaristas, ao mesmo tempo que deixou claro sua vontade de continuar a utilizar a taxa de juros básica como instrumento de controle da inflação. Diante de uma expectativa de aceleração da inflação, o Copom poderia já ter optado por maior cautela. Não o fez porque considera que a valorização do real (4,7%, desde a última reunião) contribui para neutralizar o ligeiro aumento da inflação. Trata-se de uma atitude audaciosa, pois, com a queda mais acentuada da Selic, pode surgir uma tendência que contraria o efeito da taxa cambial, que, aliás, influi apenas nos preços dos bens comercializáveis e não nos dos serviços. Há um risco de se abandonar o regime de meta da inflação em favor de uma política cambial de maior intervenção. A decisão tomada em 18 de julho foi a 17ª redução da Selic, numa queda total de 850 p.b, sem grandes efeitos, todavia, sobre as taxas de juros efetivamente praticadas pelas instituições financeiras. O Copom considera que o efeito dessa redução é muito lento e, certamente, levou em conta esse aspecto para continuar a reduzir a taxa de juros básica. Essa substancial queda da Selic em poucos meses mostra claramente que as autoridades monetárias haviam exagerado, no passado, na fixação dessa taxa, pois uma grande alta só se justifica por período curto. O que se está notando é que pequenas quedas nos juros para as pessoas físicas provocam forte aumento na demanda interna. O problema é saber se a indústria continuará a fazer investimentos para atender a esse aumento da demanda. A divulgação da Ata do Copom na próxima semana deveria permitir esclarecer as dúvidas que a decisão de 18 de julho está levantando.

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