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Copom sinaliza que ciclo de aperto do juro vai continuar

Política monetária será mantida enquanto for necessário para que inflação fique dentro da meta, diz BC

Por Reuters e Agência Estado
Atualização:

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai manter o ciclo de aperto do juro, iniciado em abril, para conter a alta dos preços no País. "O Comitê acredita que a atual postura de política monetária, a ser mantida enquanto for necessário, irá assegurar a convergência da inflação para a trajetória das metas", afirmaram os diretores do BC na ata da última reunião do Copom, divulgada nesta quinta-feira, 12.   Veja também: Entenda a crise dos alimentos    Entenda os principais índices de inflação  Como era esperado, taxa Selic sobe para 12,25% ao ano Confira a evolução da Selic desde o início do governo Lula Na reunião da semana passada, o Copom elevou a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 0,50 ponto percentual, para 12,25%, em linha com as expectativas do mercado. Foi o segundo aumento consecutivo da taxa. Nas duas reuniões, o aperto monetário foi decidido de forma unânime entre os diretores da autoridade monetária.   De acordo com a ata, o Copom avalia que as projeções de inflação demonstram deterioração do cenário para os preços. "De fato, a deterioração do cenário prospectivo se manifesta nas projeções de inflação consideradas pelo comitê", cita o texto. Além de observar a deterioração das condições, o BC cita que os riscos para a evolução dos preços são "relevantes". "Diante dos sinais de aquecimento da economia, como ilustram a aceleração de certos preços no atacado e a trajetória dos núcleos de inflação, e da rápida elevação das expectativas de inflação, são relevantes os riscos para a concretização de um cenário inflacionário benigno", cita o mesmo trecho do documento. Ainda sobre a evolução dos preços, os diretores do BC lembram que "a persistência de descompasso importante entre o ritmo de expansão da demanda e da oferta agregadas tende a exacerbar o risco para a dinâmica inflacionária". Diante dessa possibilidade, o BC defende a atuação do Copom "por meio do ajuste da taxa básica de juros". Na avaliação dos diretores, o aperto monetário "contribui para a convergência entre o ritmo de expansão da demanda e oferta" e também "evita que pressões originalmente isoladas sobre os índices de preços levem à deterioração persistente das expectativas e do cenário prospectivo para a inflação". A defesa das decisões tomadas pelo Copom é reforçada no mesmo trecho do documento, quando os diretores afirmam que a atuação do BC contribui "para a sustentação do crescimento". Essa contribuição ocorre, na visão da autoridade monetária, porque a expansão da economia "requer estabilidade, previsibilidade e a conseqüente extensão do horizonte de planejamento das empresas e famílias, bem como para resguardar os importantes incrementos na renda real dos assalariados observados nos últimos anos". "Assim sendo, o Copom reitera que as decisões de política monetária necessariamente levam em conta as defasagens do mecanismo de transmissão, e são parte de uma estratégia dinâmica, cujos resultados serão evidenciados ao longo do tempo", completa o trecho.   Petróleo e gasolina   Na ata, o Banco Central avalia que o petróleo continua sendo "fonte sistemática de incerteza". No documento, no parágrafo 11, os diretores do BC citam que o preço da commodity "mais uma vez se elevou consideravelmente desde a última reunião do Copom e continua altamente volátil".   A despeito da disparada dos preços internacionais, o BC manteve o cenário que prevê estabilidade dos preços da gasolina em 2008. "Ainda que a probabilidade de se configurar um cenário alternativo seja relevante", diz o documento.   Apesar dos preços estáveis do combustível, o BC observa que o preço mais alto do petróleo é sentido na economia brasileira por transmissão das cadeias produtivas, como a petroquímica, e também pela deterioração das expectativas de inflação dos agentes econômicos.   Balanço de pagamentos   O Copom afirma que o balanço de pagamentos não representa risco para o cenário inflacionário. Os diretores da autoridade monetária observam que essa avaliação tranqüilizadora ganhou força após o Brasil receber o grau de investimento de duas das mais importantes agências de classificação de risco: a Standard & Poor's e Fitch Ratings.   "Mesmo no contexto de uma desaceleração moderada da economia mundial neste ano e da maior volatilidade que vem caracterizando os mercados globais desde meados de 2007, o Comitê acredita, com as informações disponíveis no momento, que o balanço de pagamentos não deve apresentar risco iminente para o cenário inflacionário", cita o trecho 16.

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