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Coronavírus pode fazer País perder uma década e voltar ao nível de 2010

Se confirmada previsão do FMI de queda de 5,3% no PIB brasileiro em 2020, economia deverá somar R$ 6,87 tri, nível próximo ao registrado há 11 anos, segundo cálculos do Itaú Unibanco; para Fundo, retração global será a maior desde a Grande Depressão de 1929

Foto do author Fernando Scheller
Foto do author Beatriz Bulla
Por Fernando Scheller , Beatriz Bulla e correspondente
Atualização:

SÃO PAULO e WASHINGTON - Depois de três anos de leve recuperação, em que o País conseguiu ao menos reduzir as consequências da retração de 7% no Produto Interno Brasileiro (PIB) acumulada nos anos de 2015 e 2016, a crise gerada pela pandemia de coronavírus poderá apagar todo qualquer avanço feito ao longo dos últimos dez anos.

Caso a projeção de queda de 5,3% do PIB brasileiro feita na terça-feira, 14, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) se confirme em 2020, o País voltará ao patamar de riquezas que exibia no ano de 2010, segundo cálculo do Itaú Unibanco

Movimento fraco na Avenida 23 de Maio, em São Paulo, depois da adoção de medidas de isolamento social. Foto: Nilton Fukuda/Estadão - 6/4/2020

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De acordo com a instituição, com a retração de 5,3%, a economia brasileira encerraria o ano de 2020 com um total do PIB de R$ 6,87 trilhões, patamar muito semelhante aos R$ 6,83 trilhões exibidos há 11 anos e bem distante dos valores próximos de R$ 7,5 trilhões de 2013 e 2014, picos da economia local antes do início da recessão causada por desequilíbrios internos de 2015 e 2016. “Caso essa expectativa do FMI se confirme, será uma década perdida”, diz Júlia Gottlieb, economista do Itaú Unibanco. 

A economista afirma, porém, que dado alto nível de incerteza do cenário atual, as projeções de economistas são muito díspares. O Itaú, por exemplo, espera uma retração de 2,6% para este ano. Gottlieb aponta ainda que, dada a forte retração deste ano, a instituição espera uma curva ascendente relevante em 2021, com a economia avançando 4,7%. O FMI é bem menos generoso com o cenário brasileiro no próximo ano, esperando um crescimento de 2,9%.

Pandemia x crescimento

No relatório divulgado ontem, que coincidiu com a marca de 120 mil mortos pelo covid-19 no mundo, o FMI fala na pior recessão global desde a Grande Depressão, em 1929. “A perda cumulativa para o PIB global entre 2020 e 2021 pode girar em torno de US$ 9 trilhões, mais do que as economias do Japão e da Alemanha combinadas”, disse a economista-chefe do Fundo, Gita Gopinath.

Em meio à pandemia, a atividade econômica mundial deve cair 3% em 2020 e crescer 5,8% em 2021. Os EUA deverão ter retração de 5,9% neste ano, com recuperação de 4,7% em 2021. Segundo o relatório, há uma relação entre a eficácia no controle da crise de saúde e a perspectiva econômica. Os EUA são hoje o país com maior número de casos de coronavírus.

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Na zona do euro, também severamente afetada pela pandemia, com consequências especialmente graves na Itália e na Espanha, o encolhimento previsto para 2020 é de 7,5%, com alta de 4,7% em 2021.

Já a China e a Índia devem conseguir resultados modestamente positivo, apesar da recessão mundial. A economia chinesa devem crescer 1,2% neste ano e mais 9,2% no ano que vem. Para a Índia, o FMI prevê expansão de 1,9% em 2020 e de 7,4% em 2021.