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Correios: Relator apresenta projeto de privatização em comissão do Senado sem mudar texto da Câmara

Parecer deve ser votado na Comissão de Assuntos Econômicos no dia 9 ou 10 de novembro e seguir para o plenário da Casa; clima entre os senadores não é tão receptivo à venda da empresa

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Por Amanda Pupo (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - O relator do projeto que abre caminho para a venda dos Correios na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Marcio Bittar (MDB-AC), apresentou nesta terça-feira, 26, seu parecer sobre a proposta, sem sugestões de mudança em relação ao texto aprovado pela Câmara. A intenção do senador de manter o relatório chancelado pelos deputados em agosto foi antecipada pelo Estadão/Broadcast.

"A leitura do relatório deixa clara minha compreensão e meu voto favorável para que o Brasil pense em primeiro lugar no interesse nacional. E para mim está claro que o interesse nacional em salvar a empresa está em promover a desestatização. Sob pena de não realizarmos essa operação agora e vê-la ao longo dos anos perder cada vez mais o interesse do setor privado", afirmou Bittar após a leitura do relatório na CAE, que ainda votará a matéria.

O senador Marcio Bittar (MDB-AC) Foto: Adriano Machado/Reuters

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A votação na comissão pode ficar para o dia 9 ou 10 de novembro, conforme foi discutido na reunião em que Bittar apresentou seu relatório. O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), chegou a pedir que o texto fosse apreciado na CAE já na próxima quarta-feira, 3, o que foi rejeitado pela oposição. 

Bittar afirmou que o presidente da comissão, Otto Alencar (PSD-BA), concordou em colocar o projeto em votação na segunda semana de novembro. Integrante da CPI da Covid, Alencar não estava presidindo a sessão da CAE nesta terça, papel designado ao vice-presidente do colegiado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO).

Depois da votação na CAE, o projeto seguirá para apreciação do plenário da Casa - nesta terça, senadores da oposição reforçaram o pedido para que o texto também seja avaliado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o que não está previsto. Se for aprovada no Senado sem alterações em relação ao texto da Câmara, a proposta poderá seguir direto para a sanção do presidente Jair Bolsonaro.

O governo precisa do aval do Congresso para leiloar 100% da estatal no próximo ano. O plano é realizar o certame no primeiro semestre de 2022. Com o parecer nas mãos de Bittar, o Planalto repete o alinhamento que teve com o relator do PL na Câmara, deputado Gil Cutrim (Republicanos-MA). Mas, diferentemente da Câmara, o clima no Senado não é tão receptivo à venda dos Correios.

Para justificar a privatização dos Correios, empresa com mais de 90 mil empregados e que foi criada em 1969, o governo afirma que há uma incerteza quanto à autossuficiência e capacidade de investimentos futuros da companhia. Na avaliação do Executivo, a necessidade de investimentos de R$ 2 bilhões por ano na estatal justifica a venda.

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"O projeto deve ser percebido como uma proposta de equilíbrio tênue entre a migração para um cenário de maior robustez institucional e de contratualização das condições de prestação de serviços postais básicos em todo o País, por meio de uma empresa privada com melhores condições de investir, e a permanência do status quo, com uma empresa pública deficitária e cujas condições de competir e agregar valor para a sociedade continuarão se deteriorando", afirmou Bittar no relatório.

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