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Corte acima de 0,5% pode prejudicar BC, diz economista

Por Agencia Estado
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Esse é o pensamento do economista Walter Brasil Mundell, vice-presidente de Investimentos do grupo Sul América, expresso em sua entrevista no programa Conta Corrente, da Globo News. Sua explicação: "Neste momento, embora a inflação no atacado dê já sinais claros de desaceleração, nós não podemos de forma alguma dizer que, de fato, uma deflação vá ocorrer no varejo. Muito provavelmente, nós não vamos cumprir de novo - e aí vai ser pelo terceiro ano consecutivo - as metas de inflação para o ano, o que não é uma coisa boa; embora a recessão, também, não seja uma coisa boa. Agora, o fato é que se o Banco Central baixar (a Selic) mais de 50 pontos (0,5%), talvez as pessoas achem que ele começou a ceder a pressões políticas. E isso não seria bom." Mundell considera, ainda, que o Conselho Monetário Nacional deveria fixar metas de inflação mais realistas para os próximos anos, a fim de evitar que elas não sejam cumpridas e causem novos estragos no combate à alta do custo de vida, impedindo assim uma efetiva redução dos juros. "Se nós não chegarmos à meta deste ano (8,5%), não vamos cumprir uma meta que já foi revista (para cima). O que pode acontecer, eu acho, e talvez isso seja uma decisão de consenso, seria o Conselho Monetário Nacional elevar a meta do ano que vem (fixada em 6,5%) para que a gente não tenha de fazer uma recessão que dure mais do que dois ou três trimestres. Nestes dois trimestres (de 2003), certamente nós já vamos ter recessão." Selic e crescimento Em resposta à pergunta de que um corte de apenas 0,5% só terá efeitos na economia no final de dezembro, como declarado na véspera pelo economista José Roberto Mendonça de Barros, Mundell disse: "Eu acho que, se nós tivermos uma inflação sob controle, o ano (2003) está ganho, não está perdido. Seria um ano perdido se nós perdessemos o controle da inflação. Imaginar que crescimento econômico possa ocorrer com inflação elevada é um grande engano. E o Brasil passou boa parte da década de 80 e da década de 90 cometendo esse erro. Acho que o José Roberto quis dizer, e eu o prezo muito, é que provavelmente 2003 é um ano de recessão. Eu acho que dois trimestres de recessão estão garantidos. De fato, (o PIB) deve crescer por volta de 1,5%, 1,6% este ano, quase igual ao ano passado."

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