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Corte de gastos do governo poderia substituir alta de juros

Mas professor da USP acredita que isso não ocorrerá porque "políticos preferem continuar gastando"

Por Claudia Ribeiro
Atualização:

Com a inflação em alta, o Banco Central (BC) já ameaça subir a taxa básica de juros (Selic). Muitos economistas , contudo, acreditam que o governo poderia evitar a alta dos preços de outra maneira: um ajuste fiscal, ou seja, com corte de gastos públicos. O professor de Economia da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Eduardo Gonçalves, é um deles. Mas o acadêmico não está otimista sobre isso. "Os políticos preferem continuar gastando. Então, o governo continuará optando pela alternativa do ajuste pela política monetária. Isso significa juro maior e, nesse caso, quem terá que gastar menos é a iniciativa privada", disse.   Veja também Ouça o áudio com a íntegra da entrevista Economia global vive situação entre 'gelo e fogo', diz FMI ONU pede medidas urgentes contra inflação de alimentos Produção maior é saída contra inflação, diz Lula Especial sobre a crise de alimentos  Celso Ming explica a alta da inflação  Entenda os principais índices de inflação  Inflação surpreende para cima e reforça alta de juro   O professor explica que a alta da inflação no Brasil hoje é resultado de um aumento na demanda, o qual não é acompanhado por um aumento na produção. Exemplo disso é que o crescimento das vendas e da demanda agregada tem se mantido no patamar de 12% e 20%, respectivamente. O gasto público tem seguido este ritmo, segundo Gonçalves, e tem crescido a uma taxa de 15%. Por outro lado, o crescimento da indústria fica em torno de 6%. "Se o crescimento da produção acompanhasse o consumo, não teríamos inflação", afirma.   Para Gonçalves, a melhor maneira de equilibrar oferta e demanda seria uma redução no gasto público. "Contudo, isso não deve se confirmar, apesar do momento propício para isso. Hoje o presidente tem alta popularidade, o País vive um momento econômico tranqüilo. É a hora certa para evitar a alta dos juros e optar pelo corte de gastos do governo, mas não acredito que isso vá acontecer".   O fato é que este cenário - demanda maior do que produção - começa a colocar a inflação acima do centro da meta. Na quarta-feira, 9, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Índice de preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - usado como referência para a meta de inflação. A alta foi de 0,48% e a expectativa era de que o resultado ficasse em 0,35%. O número de março é o mais alto para o mês desde 2005. Para se ter uma idéia, em 12 meses, a inflação já chega a 4,73%.

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