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Corte de IPI de carro vale até março

Veículo popular terá alíquota do imposto reduzida de 7% para zero; governo deve perder R$ 1 bi em arrecadação

Por Lu Aiko Otta e BRASÍLIA
Atualização:

Sempre socorridas pelo governo em momentos de dificuldades, as montadoras foram beneficiadas ontem com um corte temporário do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para tentar recuperar pelo menos parte das vendas. A redução do tributo dos carros populares (de até 1.000 cilindradas), caiu de 7% para zero. Os modelos médios, com motor entre 1.000 e 2.000 cilindradas, tiveram a tributação cortada de 13% para 6,5% (modelos a gasolina) e de 11% para 5,5% nos modelos flex e a álcool. Picapes também foram beneficiadas. A redução vale de hoje até o dia 31 de março. Em troca desses benefícios, que deverão reduzir a arrecadação federal em R$ 1 bilhão, o compromisso assumido pela indústria foi repassar a queda do IPI para o consumidor. "Se não repassarem, vamos chamá-las para rediscutir a medida", explicou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, acrescentou: "se amanhã (hoje) você for comprar um carro popular, ele tem de estar 7% mais barato". Não houve, porém, nenhum acordo em relação a empregos. As montadoras se comprometeram apenas a fazer o máximo para evitar demissões. Anteontem, sindicalistas estiveram com Mantega, e sugeriram que o governo exigisse a manutenção do nível de emprego como contrapartida ao corte do IPI. Miguel Jorge explicou que a medida foi adotada em função da queda das vendas de veículos e também por causa da importância da indústria automobilística no Produto Interno Bruto (PIB). O vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antônio Sérgio Martins Mello, que participou ontem de reunião de empresários com o presidente Luiz Inácio Luila da Silva, no Palácio do Planalto, disse que a indústria teme uma queda acentuada das vendas em janeiro, pois a média diária vem caindo rapidamente. Antes da crise, eram comercializados 12.000 veículos por dia. Em novembro, essa média havia caído para 7.000 unidades. "O governo foi muito rápido", elogiou. "A expectativa é positiva por parte da indústria, que está aplaudindo esta medida." O setor automotivo é um dos mais atingidos pela crise financeira internacional e, por ser uma cadeia produtiva longa e que gera muitos empregos, tem tido sempre uma atenção especial do governo. No mês passado, as instituições financeiras ligadas a montadoras foram beneficiadas por créditos de R$ 8 bilhões. Foram R$ 4 bilhões do Banco do Brasil e mais R$ 4 bilhões da Nossa Caixa. Segundo dados da Anfavea, 70% das vendas são realizadas a prazo. COLABOROU RENATA VERÍSSIMO

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