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Corte de subsídios dos EUA é pouco ambicioso, diz Amorim

Ministro das Relações Exteriores espera que limite de UU$ 15 bi para subsídios agrícolas não seja a 'última oferta'

Por Agências internacionais
Atualização:

A oferta feita nesta terça-feira, 22, pelos Estados Unidos para reduzir os subsídios agrícolas anuais em mais US$ 2 bilhões, para US$ 15 bilhões, não agradou ao Brasil, que esperava uma oferta mais ambiciosa. "Espero que essa não seja a última oferta. Ela mostra um nível muito baixo de ambição", criticou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, à agência Associated Press, acrescentando que a oferta não foi suficiente. Nesta terça, ministros de vários países estão reunidos para tentar salvar a Rodada Doha.   Amorim afirmou que os EUA devem aceitar uma redução significativa sobre os subsídios reais que o país dá a seus agricultores - de US$ 7 bilhões no último ano - e não do teto que teoricamente pode chegar. A proposta foi exposta pela representante de Comércio dos EUA, Susan Schwab, durante encontro em Genebra, onde estão reunidos ministros de cerca de 35 países para tentar destravar a Rodada Doha. Veja também: Rodada Doha: entenda o que está em jogo em Genebra Proposta de corte dos EUA não surpreende, diz especialista EUA oferecem cortar subsídio agrícola para US$ 15 bilhões Primeiro dia de negociação na OMC foi inútil, diz Amorim Brasil classifica oferta da UE de reduzir tarifa de 'propaganda' UE propõe ampliar corte de tarifa agrícola para 60% Críticas de Amorim podem prejudicar negociações  O chanceler lembrou que a posição do Brasil é a de que os EUA devem aceitar uma redução significativa a respeito dos subsídios reais que realmente concede aos agricultores americanos e não dos tetos máximos que teoricamente poderia entregar. A oferta também foi criticada pelo Instituto para Agricultura e Política Comercial (IATP, na sigla em inglês), que a considerou "absurda". "A oferta para reduzir os subsídios para US$ 15 bilhões é fraca. Com o predomínio dos preços elevados, os EUA não terão problemas para atingir a meta. Além disso, há tantas condições relacionadas à proposta que ela se torna vazia", disse o IATP em um comunicado. "Os EUA estão pedindo imunidade em relação a desafios legais na Organização Mundial do Comércio (OMC) e maior acesso a outros países para seus produtores e exportadores agrícolas. Isso é absurdo", disse o IATP. Resposta dos EUA Quando perguntada sobre a resposta que dará a quem disser que este corte é, na prática, uma possibilidade de dobrar suas subvenções, Schwab respondeu: "Em sete dos últimos dez anos nossos subsídios foram superiores a US$ 15 bilhões. Apenas em 2005 foram de US$ 18,9 bilhões e há cinco anos de US$ 22,5 bilhões", declarou. "O preço dos alimentos é volátil e não se pode prever se vão se manter altos", acrescentou. Após o anúncio da oferta de corte, Schwab destacou que ela depende de uma maior abertura para os produtos industriais dos EUA, um dos principais objetivos do país nas negociações, e de uma garantia de que os subsídios agrícolas norte-americanos não enfrentem mais nenhuma ação legal na OMC. "Essas reduções não são oferecidas isoladamente e devem ser acompanhadas de aberturas significativas nos mercados", tanto para produtos agrícolas como para produtos industriais, disse ela. Atualmente os EUA têm permissão para distribuir mais de US$ 48 bilhões em subsídios agrícolas relacionados a preço, produção e outros itens. No ano passado, o país concordou em reduzir os subsídios para menos de US$ 16,4 bilhões, em um movimento que gerou críticas por parte de grupos agrícolas americanos. As informações são da Dow Jones e agências internacionais. Rodada Doha A Rodada Doha, que pretende estabelecer um acordo mundial para liberalização do comércio, foi lançada em 2001 na capital do Qatar, tendo como objetivo principal a promoção do desenvolvimento e a redução da pobreza, mas desde então as negociações estão travadas devido a impasses entre os países desenvolvidos e as nações em desenvolvimento. União Européia, Estados Unidos e outros países desenvolvidos, querem maior acesso ao setor industrial em países em desenvolvimento. Já os países emergentes querem reduções nas tarifas e subsídios agrícolas dos países ricos para que possam vender mais para esses mercados. A reunião ministerial convocada pelo diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, é uma tentativa de dar impulso as negociações em direção a um acordo final ainda este ano, antes da eleição presidencial nos Estados Unidos em novembro próximo e das eleições na Índia e substituição dos membros da Comissão Européia em 2009.

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